A Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados assume posição em relação à demarcação de Raposa Serra do Sol |
Uma das maiores conquistas dos Povos Indígenas desde o Descobrimento do Brasil está ameaçada. A Terra Indígena Raposa Serra do Sol, marco histórico na luta dos indígena pela demarcação de suas terras tem inimigos poderosos que se escondem sobre o manto da autoridade e do Poder Econômico. Grandes proprietários de terras travestidos de deputados e políticos ligados a eles transformaram a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados em mais uma ferramenta a serviço do agronegócio, da destruição das riquezas naturais de nosso país e do etnocídio.
Durante audiência pública nesta terça-feira, dia 23, que, de acordo com a convocação da reunião, supostamente discutiria “as denúncias publicadas na revista VEJA, de 1º/6/11, sobre o reflexo da demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol nas populações indígenas e nos desapropriados da região, os estudos e os efeitos das demarcações de reservas indígenas no Brasil", foi montado um palco onde se destilou ignorância e argumentos absurdos e superficiais em prol da revisão da demarcação.
Uma faixa estendida em frente à mesa da comissão com os dizeres “Raposa Serra do Sol revisão já”, além de afronta à democracia, deixava bem clara a posição assumida pelos parlamentares. Na verdade, não estavam ali para discutir os efeitos da demarcação. Como ficou claro nos pronunciamentos, o objetivo era outro, bem pior, o fim da demarcação de terras indígenas como têm acontecido até o momento.
Para isto, se posicionaram a favor do projeto do deputado Aldo Rebello (PC do B-SP) que, caso seja aprovado, pretende que as demarcações tenham que passar pelo Congresso, ou seja, estes mesmos parlamentares que destilam ódio contra indígenas, serão alguns dos que terão a palavra final na definição das futuros territórios, um verdadeiro desastre para os povos de todo país.
Para tentar dar alguma credibilidade ao argumento, defendido unanimemente pelos deputados da comissão, de que os indígenas estão servindo às organizações não governamentais internacionais que pretendem entregar nossos minérios raros às nações estrangeiras. Os deputados chegaram a levar um general ligado á ditadura militar, Maynard Marques de Santa Rosa, para fazer uma explanação onde tentou demonstrar que as principais reservas de minérios ficam em territórios indígenas. Uma apresentação claramente montada com base em dados não oficiais e sem nenhuma comprovação apelando à velha e desacreditada tese da segurança nacional.
Apresentação do General Maynard Santa Rosa que defende que a demarcação de terras é um risco à Segurança Nacional |
Ainda como parte da campanha contra Raposa Serra do Sol, os deputados ruralistas patrocinaram a participação de um pequeno grupo de agricultores, que na verdade não questionaram a demarcação e sim o descumprimento do compromisso do governo federal de desintrusar e reassentar as famílias que ocupavam o território indígena. As falas do grupo atacaram principalmente a Polícia Federal pela violência e o abuso com que foram tratados, e também a omissão Poder Executivo.
No entanto, deputados conservadores do calibre de Moreira Mendes (PPS-RO), Valdir Collato (PMDB-SC), Moacir Michelleto (PMDB), Celso Maldaner, (PMDB-SC) Paulo Cesar Quartieiro (DEM-RR), entre outros inimigos dos índios, insistiram em deturpar as falas dos depoentes e culpar a demarcação contínua pelos problemas sociais na região. Conseguiram até mesmo levar dois líderes indígenas, que se apresentaram como agricultores, Manoel Bento Flores, presidente da Aliança de Integração e Desenvolvimento dos Povos Indígenas de Roraima (ALIDECIR) e Silvio da Silva, presidente da Sociedade de Defesa dos Indíos Unidos do Norte de Roraima (SODIUR), que inacreditavelmente, ao contrário da ampla maioria dos indígenas em todo país, se posicionaram contra a demarcação.
À direita, os representantes da ALIDECIR, Manoel Bento Flores, e da SODIUR, Silvio da Silva (camisa amarela) em meio aos deputados |
Em meio à artilharia dos demais pronunciamentos contra a demarcação, uma voz destoou durante a audiência. Em uma fala contundente, a professora Lylia Galetti, Coordenadora-geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento da Diretoria de Promoção e Desenvolvimento Sustentável da FUNAI, bateu de frente e em alguns momentos chegou a irritar os parlamentares ao defender o trabalho que foi feito pelos antropólogos da instituição e a decisão pela demarcação contínua.
Para Rosane Matos Kaingang, representante da região sul na Comissão Nacional Permanente da APIB, que acompanhou a audiência, é preciso estar vigilante e acompanhar de perto as comissões da Câmara e Senado. “Precisamos nos aproximar dos parlamentares que apóiam a causa indígena e definir estratégias políticas para evitar que propostas como a da revisão de Raposa Serra do Sol sigam em frente. Vamos ficar alertas, pois os inimigos são muitos e estão bem organizados”.
Acesse o link abaixo, assista a audiência pública da Comissão de Agricultura e veja quem são os inimigos de Raposa Serra do Sol:
http://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/webcamara/videoArquivo?codSessao=00019236
Ameaçada um a ova!
ResponderExcluirLaudo das terras: Fraudado, assinado somente por uma pessoa e antigo demais!
Índigenas: Só um lado foi consultado( os contra não foram consultados)
Índios foram jogados na pobreza, pelos a favor da homologação!