Desde 1996, a Revista Cláudia realiza anualmente uma premiação para mulheres de destaque em diversas áreas de atuação no Brasil.
Entre as finalistas na área de políticas públicas deste ano, está Valéria Paye Pereira, indígena do povo Kaxuyana e Tiriyó, do Parque Indígena do Tumucumaque. O resultado do Prêmio sai no dia 11 de outubro. Até lá, estão abertas votações pela internet no link ao lado: Veja: http://claudia.com.br/premioclaudia
Votando na Valéria, estamos prestigiando essa guerreira indígena, que aprendeu português apenas aos 10 anos, quando saiu de sua aldeia natal (Missão Tiriyós) que é uma das regiões mais isoladas do país na fronteira com o Suriname (cerca de 20 dias de barco até Oriximina/PA a cidade mais próxima). Estudou, trabalhou na área da saúde em sua aldeia, implementou projetos em sua região, ajudou a consolidar o movimento de mulheres indígenas na Amazônia e no Brasil e que tem participado intensamente na luta do movimento indígena a favor de direitos e melhores políticas públicas.
PERFIL DE VALÉRIA PAYE:
Valéria Paye Pereira é indígena Kaxuyana e Tiriyó (línguas Karib) do Parque Indígena do Tumucumaque, localizado no norte do Pará, na fronteira com o Suriname. Aos 10 anos foi enviada pelos pais para estudar na cidade, onde se formou auxiliar de enfermagem. Retornou para a aldeia, onde trabalhou no Posto de Saúde da aldeia Missão Tiriyós. Logo se destacou nas reuniões pela melhoria da qualidade do atendimento à saúde para os povos indígenas, sendo eleita tesoureira da organização indígena APITU (Associação dos Povos Indígenas do Tumucumaque), com sede em Macapá (AP). Como liderança indígena regional, participou da construção do novo sistema de saúde (Distritos Sanitários Especiais Indígenas / FUNASA), uma importante inovação em termos de política pública de saúde indígena. Coordenou a implementação de convênios de atendiment o à saúde nas aldeias do Tumucumaque entre 1999 e 2001.
Foi eleita conselheira da COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira: www.coiab.com.br ), quando participou de diversos processos de luta e reivindicação por melhores políticas públicas para os povos indígenas, como os programas PPTAL (Projeto Integrado de Proteção às Populações e Terras Indígenas da Amazônia Legal / FUNAI, voltado para a demarcação e proteção das Terras Indígenas amazônicas) e PDPI (Projetos Demonstrativos dos Povos Indígenas / MMA, voltado para apoiar projetos sustentáveis nas Terras Indígenas da Amazônia brasileira), Marcha dos 500 Anos, entre out ros.
Passou também a participar de encontros e discussões das mulheres indígenas brasileiras, sendo uma das organizadoras do Departamento das Mulheres Indígenas da COIAB, do qual participou da coordenação entre 2005 e 2007 em Manaus (AM) e atualmente faz parte do Conselho da UMIAB (União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira).
Em Brasília, foi a primeira mulher indígena a ser indicada como coordenadora da representação da COIAB na capital federal, sendo responsável por acompanhamento parlamentar, articulação com ministérios e outros órgãos governamentais, contato com embaixadas e doadores. Neste período, esteve a frente de diversos processos e momentos críticos em termos de direitos e políticas públicas indígenas, tais como a organização do Acampamento Terra Livre, que reúne desde 2005 centenas de lideranças indígenas de todo o Brasil na capital federal para discutir e apresentar suas demandas para o governo brasileiro, articulação para a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR), cujo desfecho se deu em julgamento no STF em 2009, discuss ão da Política de Etnodesenvolvimento e Segurança Alimentar do CONSEA, acompanhamento da implementação de programas como o Programa Carteira Indígena (MMA) e Prêmio Culturas Indígenas (MinC). Também foi uma das responsáveis pela formação da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil).
Atualmente trabalha na Coordenação de Gênero e Assuntos Geracionais - COGER/FUNAI, onde tem ajudado a coordenar os seminários sobre violência e a Lei Maria da Penha. É autora de artigo sobre o tema, que pode ser acessado através do link: publicacoes/LIVRO%20MULHERES%20INDIGENAS1.pdf e nas capacitações das mulheres indígenas para atuação nos comitê regionais da FUNAI.
Participa ativamente de debates sobre a situação dos povos indígenas brasileiros, seus direitos e políticas públicas, bem como a relação com a sociedade e Estados Nacional. Algumas de suas reflexões podem ser vistas na entrevista Perspectiva Indígena sobre projetos, desenvolvimento e povos indígenas, acessada através do link: http://laced.etc.br/arquivos/13-Povos-II.pdf
Acaba de ingressar no curso de Ciências Sociais da UnB.
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