Com o objetivo de apresentar propostas para salvar o planeta, povos indígenas da Pan Amazônia, iniciaram os trabalhos do Grande Encontro PanAmazônico: Saberes Ancestrais, Povos e Vida plena em Harmonia com as Florestas. A Cumbre de los Bosques.
A abertura do evento aconteceu na manhã do dia 15, na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas, e contou com a participação de 150 lideranças do movimento indígena da Bacia Amazônica. O evento é uma inciativa da COICA – Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica, em parceria com a COIAB e demais organizações que a compõem.
Para Marcos Apurinã, coordenador geral da COIAB, esse é um momento muito importante para os povos indígenas.“Nós da COIAB, da Amazônia Brasileira, nos sentimos muito gratos, em sediar esse evento de grande relevância para todos nós. Um momento único de poder está discutindo o futuro. Por esse motivo quero em nome de todos os líderes daqui, agradecer por esse momento, essa oportunidade de trocarmos experiências. Todos nós passamos as mesmas coisas em nossas comunidades. Aqui no Brasil vivemos sem diálogo como governo que não respeita os povos indígenas,que acredita que o desenvolvimento pode acontecer sem respeitar a floresta. É importante que todos nós nesse Grande Encontro possamos juntar as nossas forças, somente assim poderão ouvir a nossa voz em defesa da floresta e de toda a nossa biodiversidade. Esse encontro precisa acontecer em outros países, assim vamos mostrar" .
O lendário cacique Raoni Kayapó, incansável defensor do Xingu, também está participando do Grande Encontro.O grande líder convoca todos a participarem da luta contra Belo Monte e os grandes projetos.
“Vocês que já passaram do estudo que já tem nível superior é preciso lutar pelos seus parentes, o branco está enganando todo mundo, vocês, mas eu Raoni, ninguém engana, eu vou lutar até o final, vou lutar! Vocês tem que me ouvir, vamos lutar pelos nossos direitos. O rio é muito bom para nós. Precisamos ter o rio.Nós queremos um rio bom, para meus filhos, meus netos e os seus também”, ensinou o líder.
Para Neli Romeiro, vice presidenta da Coordenação Indígena da Bolívia – CIDOB, direitos indígenas não se discute, não se negocia. Estamos aqui sofrendo com o aquecimento global, mas aqueles que são responsáveis, estão livres, e parecem não se importarem com isso. "Aqui fica um desafio de estarmos unidos, com o mesmo objetivo de preservar a nossa Mãe Terra, nossas florestas, para vencer todas essas ameaças que vivemos”, disse emocionada a liderança Boliviana, que tem em seu país, uma estrada financiada pelo BNDES que atingirá terra indígena.
Alberto Pizango, destacada liderança indígena do Peru afirmou que a luta do movimento indígena tem sido criminalizado por conta de sua luta. Queremos levar a voz daqueles que não tem voz, por isso temos sido criminalizados. “Regressei do exílio porque os grandes espíritos me disseram: seja valente, não se cale. Por isso, estou aqui. Sabemos que 75 por cento do nosso planeta já esta sofrendo as conseqüências das mudanças climáticas. A cada dia se sente mais, e não se toma consciência disso. Mas a voz dos povos indígenas se faz ouvir. Esse é momento de afinar, não as flechas, mas as palavras para fazer um diálogo que proponha a verdadeira paz, aonde todos os seres humanos nos unamos, não com um desastre,mas temos que nos unir, todos os povos, para fazer frente à grande arrogância, do egoísmo que pensa em matar a vida. Para isso temos que estar limpos como a mãe natureza”, falou Pizango.
O Grande Encontro dos povos indígenas da Bacia Amazônica realizou ainda um ato público contra a construção de Belo Monte e os mega projetos desenvolvimentista na Amazônia, como uma estrada na Bolívia que atravessará uma terra indígena, e está sendo financiada pelo BNDES. O evento em defesa das florestas vai até o dia 18, em Manaus.
Com informações Ascom COIAB
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