Centenas de lideranças indígenas, pescadores, pequenos agricultores, ribeirinhos, representantes de movimentos sociais estão presentes no Seminário Mundial Contra Belo Monte, que acontece na cidade de Altamira, no Pará e vai até o dia 27.
Sonia Guajajara, vice coordenadora da COIAB, conduziu a mesa de abertura e moderou a parte da manhã, destacou a importância desse momento para os povos indígenas. “Não podemos desistir nunca. Precisamos mostrar a nossa resistência, a nossa força pois a nossa união,a nossa cultura são mais fortes do que as máquinas desse projeto de destruição. O Governo precisa ouvir a nossa voz”, disse.
O evento conta com a participação de lideranças indígenas de outros estados que também sofrem com a problemática de grandes obras nos territórios indígenas. São os casos das hidrelétricas de Estreito no Maranhão e de Serra Quebrada no Tocantins. “Não queremos a construção de Belo Monte.
Querem tirar recursos das terras indígenas para o país crescer. Muitos problemas para nós”, diz Josué Karajá. Antônia Kraho denuncia que a soja invade as terras indígenas no Tocantins, e a saída é a união dos povos indígenas. “Aqui nesse encontro eu estou vendo é força para cobrarmos os nossos direitos. Temos que pegar a onça que manda esses grandes projetos para as nossas terras. Temos que ir atrás da onça e pisar forte no chão.Quem tá comprando é de outros países, aqui tão jogando é dinheiro. Não é só a Dilma não. Tem muito projeto para acabar com a gente”.
De acordo com o chefe geral da nação kayapó, Sr. Ireô Kayapó, há muito tempo o governo tentar emplacar Belo Monte, mas não vai conseguir.
“Nunca trouxeram coisa boa para nós. Hoje vamos fazer o documento no Seminário. Temos que levar esse documento para a Presidente Dilma. Assim que nós resolvemos, assim se derruba Belo Monte. Tem que articular nossa saída para Brasília, para fazer esses encaminhamentos. Não podemos ficar só aqui, é preciso levar a informação certa, de que não queremos essa obra aqui”, afirmou a liderança.
Para Juma Xipaia, jovem liderança da região de Altamira, “Belo Monte não é um fato consumado. As máquinas estão ai, mas Belo Monte só vai sair se ficarmos de braços cruzados perante essa situação. Isso depende de cada um de nós, devemos e temos a obrigação e o direito de barrar Belo Monte. Muitos documentos foram feitos, mas a situação continua a mesma. Vamos continuar mandando documento pra Dilma que ela nem recebe. Devemos mudar o nosso jeito de lutar, se queremos impedir a barragem de Belo Monte, precisamos ir pra rua, protestar, fazer valer o sangue indígena, o espírito guerreiro que somos. Temos direitos e é preciso que eles sejam respeitados. Vamos unir forças e falar a mesma língua. Não podemos ficar só falando enquanto as máquinas derrubam as árvores. O rio chora a cada dia!”
Antônia Melo, liderança do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, protestou contra a ausência do governo brasileiro na audiência que seria realizada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, cobrando explicações sobre o não cumprimento das condicionantes. “Queremos com esse Seminário dá uma caminhada certa de onde queremos chegar. A Justiça já sabe. Temos dois caminhos, continuar cobrando a Justiça para fazer o seu papel e a outra é continuar organizados na resistência, rumo ao grito bem forte dos povos do Xingu pelo cancelamento de Belo Monte. Não vamos recuar, o mundo está conosco. Nós somos a historia e temos o compromisso e o dever de fazer acontecer”.
As lideranças presentes no evento estão programando, para amanhã, uma manifestação pública pelas ruas da cidade.
O Seminário mundial Contra Belo Monte vai até quinta-feira (27), na Catedral da Igreja Católica em Altamira.
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