terça-feira, 25 de outubro de 2011

EM ALTAMIRA: TODOS CONTRA BELO MONTE



Centenas de lideranças indígenas, pescadores, pequenos agricultores, ribeirinhos, representantes de movimentos sociais estão presentes no Seminário Mundial Contra Belo Monte, que acontece na cidade de Altamira, no Pará e vai até o dia 27.

Sonia Guajajara, vice coordenadora da COIAB, conduziu a mesa de abertura e moderou a parte da manhã, destacou a importância desse momento para os povos indígenas. “Não podemos desistir nunca. Precisamos mostrar a nossa resistência, a nossa força pois a nossa união,a nossa cultura são mais fortes do que as máquinas desse projeto de destruição. O Governo precisa ouvir a nossa voz”, disse.



 
O evento conta com a participação de lideranças indígenas de outros estados que também sofrem com a problemática de grandes obras nos territórios indígenas. São os casos das hidrelétricas de Estreito no Maranhão e de Serra Quebrada no Tocantins. “Não queremos a construção de Belo Monte.

Querem tirar recursos das terras indígenas para o país crescer. Muitos problemas para nós”, diz Josué Karajá. Antônia Kraho denuncia que a soja invade as terras indígenas no Tocantins, e a saída é a união dos povos indígenas. “Aqui nesse encontro eu estou vendo é força para cobrarmos os nossos direitos. Temos que pegar a onça que manda esses grandes projetos para as nossas terras. Temos que ir atrás da onça e pisar forte no chão.Quem tá comprando é de outros países, aqui tão jogando é dinheiro. Não é só a Dilma não. Tem muito projeto para acabar com a gente”.

De acordo com o chefe geral da nação kayapó, Sr. Ireô Kayapó, há muito tempo o governo tentar emplacar Belo Monte, mas não vai conseguir.



 
“Nunca trouxeram coisa boa para nós. Hoje vamos fazer o documento no Seminário. Temos que levar esse documento para a Presidente Dilma. Assim que nós resolvemos, assim se derruba Belo Monte. Tem que articular nossa saída para Brasília, para fazer esses encaminhamentos. Não podemos ficar só aqui, é preciso levar a informação certa, de que não queremos essa obra aqui”, afirmou a liderança.

Para Juma Xipaia, jovem liderança da região de Altamira, “Belo Monte não é um fato consumado. As máquinas estão ai, mas Belo Monte só vai sair se ficarmos de braços cruzados perante essa situação. Isso depende de cada um de nós, devemos e temos a obrigação e o direito de barrar Belo Monte. Muitos documentos foram feitos, mas a situação continua a mesma. Vamos continuar mandando documento pra Dilma que ela nem recebe. Devemos mudar o nosso jeito de lutar, se queremos impedir a barragem de Belo Monte, precisamos ir pra rua, protestar, fazer valer o sangue indígena, o espírito guerreiro que somos. Temos direitos e é preciso que eles sejam respeitados. Vamos unir forças e falar a mesma língua. Não podemos ficar só falando enquanto as máquinas derrubam as árvores. O rio chora a cada dia!”

Antônia Melo, liderança do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, protestou contra a ausência do governo brasileiro na audiência que seria realizada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, cobrando explicações sobre o não cumprimento das condicionantes. “Queremos com esse Seminário dá uma caminhada certa de onde queremos chegar. A Justiça já sabe. Temos dois caminhos, continuar cobrando a Justiça para fazer o seu papel e a outra é continuar organizados na resistência, rumo ao grito bem forte dos povos do Xingu pelo cancelamento de Belo Monte. Não vamos recuar, o mundo está conosco. Nós somos a historia e temos o compromisso e o dever de fazer acontecer”.





As lideranças presentes no evento estão programando, para amanhã, uma manifestação pública pelas ruas da cidade.

O Seminário mundial Contra Belo Monte vai até quinta-feira (27), na Catedral da Igreja Católica em Altamira.

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