quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Black Eyed Peas vai visitar povos indígenas afetadas pela usina de Belo Monte

Um pouco antes de começar sua turnê brasileira, o grupo americano Black Eyed Peas vai visitar aldeias indígenas de povos que serão atingidas pela construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. A presença da banda na Amazônia foi confirmada hoje pela ONG Movimento Xingu Vivo Para Sempre, que coordena as ações contra a construção da usina.

Segundo a coordenadora da ONG, Antonia Melo, a banda ficará nos dias 10 e 11 de outubro em Altamira. “Eles devem visitar três aldeias indígenas do município. Em duas delas, o rio vai secar com a construção da hidrelétrica”, disse Antonia.

De Altamira o grupo segue viagem para a aldeia indígena de Piaraçú, no Mato Grosso, onde fará uma visita aos índios Kaiapó, a convite do líder indígena Raoni. A aldeia deverá ser afetada pela construção de Belo Monte.

Ainda segundo a coordenadora do Movimento Viva Xingu, a vinda do Black Eyed Peas para Altamira está sendo organizada pela ONG Amazon Watch. “Ainda não temos a programação oficial da visita da banda, mas eles já confirmaram presença no município”.

A banda deve chegar de jatinho à cidade de Altamira no dia 10 de outubro. O grupo Black Eyed Peas vai fazer as visitas nas aldeias indígenas da Amazônia quatro dias antes do início da turnê pelo Brasil, marcada para dia 15 de outubro, em Fortaleza, no Ceará.

Apoio internacional

Outras celebridades lutam contra a construção de Belo Monte, entre elas o diretor de cinema James Cameron e a atriz Sigourney Weaver.

Recentemente, os dois se uniram na produção de um vídeo que denuncia o que pode acontecer com a Floresta Amazônica se a hidrelétrica for construída.

A atriz narrou o vídeo produzido pelo Google. No Brasil, a tradução do vídeo foi feito pela atriz Dira Paes. A construção da Usina de Belo Monte já foi autorizada pelo presidente Lula.

Com informações do Portal Vírgula

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Indígenas atingidos no incêndio da favela Real parque em SP

Cerca de 40 famílias indígenas foram atingidas

De um lado, a favela do Real Parque com muitas habitações precárias. De outro, a Ponte Estaiada e condomínios de luxo. Um dos lados exige condições dignas de moradia e sobrevivência, enquanto outro prefere a preservação daquilo que tem sido um cartão-postal dentro da cidade de São Paulo incitando, inclusive, o mercado imobiliário.

Mas apenas um lado sofre nesse momento. Um incêndio atingiu a favela do Real Parque, na zona sul de São Paulo, na manhã da sexta-feira (24/09). No local que era conhecido pelos moradores como alojamento da Rocinha, viviam cerca de 300 famílias, em um número aproximado de 1.200 pessoas, conforme informações da subprefeitura do Butantã.

Foi grande o desespero das pessoas no local e o fogo se alastrou rapidamente nos barracos construídos em madeira e em alvenaria. A maioria dos que viviam no alojamento estavam trabalhando no momento e, ao receberem a informação, correram para socorrer pessoas da família e algum objeto que pudessem resgatar. Não se conhece a causa do incêndio, mas, de acordo com informações, não há mortos no local.

Poder Público

A Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), a Defesa Civil Municipal, o Cras (Centro de Referência de Assistência Social) e a Subprefeitura do Butantã estiveram reunidos no local com moradores e lideranças do Real Parque. Conforme moradores locais, estas representações do poder público explicaram que em um primeiro momento iriam cadastrar as famílias que perderam as moradias.

Num segundo momento, distribuiriam um kit básico com cobertores, alimentos, colchões e outros itens básicos. Além disso, afirmaram não poder fazer nada imediato para abrigar as famílias. Apenas a partir dos dias 28 e 29 de setembro falariam com as famílias, ofereceriam uma bolsa aluguel no valor de R$ 400,00 (quatrocentos reais), provisoriamente por doze meses. Segundo consta, dar-se-á início a construção de conjuntos habitacionais, mas, não foram apresentas datas previstas.

Na reunião, foi alegado por membro da comunidade que as pessoas não poderiam dormir na chuva. Mesmo assim, a partir das 19h00, representantes do poder público fecharam o Projeto Comunitário Casulo, obrigando as famílias desabrigadas a buscarem apoio e abrigo de outras casas na favela. Muitos moradores ofereceram suas casas para famílias que estavam até mesmo com crianças de colo. No final da noite, informou-se que o poder público entregou colchões, cobertores e alimentos para as famílias.

Famílias Indígenas

Das cerca de 300 famílias atingidas, aproximadamente 40 famílias são indígenas Pankararu, sendo uma média de 180 indígenas desabrigados. O povo Pankararu é originário do estado de Pernambuco e começou a migrar para São Paulo já na década de 1950, lutando há anos, na metrópole paulista, por melhores condições de sobrevivência e permanente reconhecimento de sua identidade.

Maria Lídia da Silva, Pankararu, agente de saúde e vice-presidente da Associação SOS Pankararu conta que a situação a deixou desesperada vendo o estado caótico que estavam as famílias tentando recuperar o que fosse possível. No momento, viu muitos alunos de uma escola próxima incontrolavelmente, pressionando e saindo do portão escolar em busca de suas famílias. “Espero que nunca mais em minha vida eu veja uma situação como essa de meus parentes sofrendo tanto”, relata.

Para Maria das Dores, Pankararu e presidente da Associação SOS Pankararu, “o governo do Estado não toma providências cabíveis às minorias comunitárias. Não existe diálogo claro que garanta o entendimento da comunidade”. Para ela, a comunidade não acredita nas propostas públicas, pois, não se apresentam garantias no que é dito. “Não apresentam melhorias nas condições de moradia e habitação”. A líder indígena aponta que a comunidade Pankararu, há mais de 20 anos vem solicitando uma área territorial própria que os prive dessas condições humilhantes e desumanas.

Apelo

A liderança Ubirajara Ângelo de Souza, indígena Pankararu, diz que as pessoas já viviam precariamente sem rede de esgoto, com falta de saneamento básico. “Isso tudo por falta de moradia e porque muitos governantes não ligam para o ser humano, especialmente para nós que somos indígenas”.

Ele afirma que as situações se repetem. Isso é visto tanto no Real Parque, zona sul, como na zona leste de São Paulo onde há muitas famílias Pankararu vivendo em áreas de risco e buscando apoio e moradia através do poder público, para o atendimento específico a indígenas que vivem em áreas urbanas. “Nós não vendemos terra nenhuma a ninguém. Hoje nós pedimos um pedaço de terra e somos tratados de maneira indigna. Onde estivermos, seja em qual território brasileiro for, somos índios. A quem temos que pedir terra, se somos donos dessas terras que foram invadidas?”, reflete indignado.

Mesmo na situação de miséria e de descaso público, esse povo indígena vem fortemente garantindo os seus usos e costumes tradicionais, “independente das más condições de vida que possuem nessa cidade, dentro dessa favela”, aponta Dores.

Para muitas famílias, é desmoralizante observarem a contradição luxuosa, do outro lado da favela, na região onde vivem. Se no fim da década de 50, migravam de sua aldeia por causa da seca e de conflitos com invasores, hoje lutam na cidade contra a especulação imobiliária, por respeito aos povos indígenas que vivem em áreas urbanas, por condições dignas de sobrevivência na metrópole e por uma atuação rápida e séria do poder público.

Solidariedade

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) presta total solidariedade as famílias atingidas por esta tragédia e se une aos parentes indígenas de São Paulo no clamor público providências das autoridades para minimizar os danos causados às famílias. Também convoca a toda a sociedade para ajudá-los em um momento tão difícil.

AS FAMÍLIAS NESSE MOMENTO PEDEM APOIO E DOAÇÕES
É PRECISO MUITA SOLIDARIEDADE

CONTATOS DO REAL PARQUE

Dora (liderança indígena Pankararu) – Tel.: (11) 8156-7367
Paula (Favela Atitude) – Tel.: (11) 9838-5904
Cris (Favela Atitude) – Tel.: (11) 7503-4948

CARTA ABERTA - Belo Monte e a palavra do presidente

No dia 22 de julho de 2009, o presidente Lula recebeu no Palácio do Planalto uma delegação de lideranças indígenas e sociais, representantes da comunidade científica e o bispo da Prelazia do Xingu, Dom Erwin Kräutler para uma audiência sobre a controversa megahidrelétrica de Belo Monte. Na ocasião, os representantes da sociedade civil expuseram ao Presidente uma série de questionamentos sobre os enormes riscos e impactos socioambientais de Belo Monte, bem como sobre a duvidosa viabilidade econômica do empreendimento. Ao final da reunião, Lula deu a sua palavra de que o governo federal "não enfiaria Belo Monte goela abaixo" de povos indígenas, movimentos sociais e outros grupos da sociedade brasileira. Assim, o Presidente afirmou que o governo estava aberto ao diálogo e, como um primeiro passo, seriam providenciadas respostas imediatas aos questionamentos sobre:

- impactos sociais e ambientais do Complexo Belo Monte sobre os povos indígenas, ribeirinhos e outras populações locais da bacia do Xingu, especialmente no trecho de 100 km da Volta Grande do Xingu, que pode vir a ficar praticamente sem água com o desvio do rio;

- a ineficiência energética do projeto, que na maior parte do ano só produziria 40% da energia planejada;

- o valor dos investimentos necessários para o empreendimento e a sua viabilidade econômica, considerando os custos de construção, a reduzida capacidade de geração de energia e os reais custos de prevenção e mitigação de impactos socioambientais;

- a tarifa a ser cobrada da população brasileira pela energia produzida por Belo Monte, assim como a utilização da mesma para subsidiar industrias eletro-intensivos, sobretudo para a fabricação de alumínio; e

- garantias efetivas de que não serão construídas outras usinas no Rio Xingu, Altamira, Pombal e São Felix do Xingu, que teriam impactos sociais e ambientais cumulativos muito maiores, sobretudo para os povos indígenas.

Desde a reunião de julho de 2009, o comportamento do governo federal tem sido o oposto daquele que foi prometido pelo presidente Lula. Enquanto todos os questionamentos acima ficaram sem resposta, o governo simplesmente tem se recusado a dialogar com a sociedade civil e outros atores, inclusive negando-se a participar em audiências públicas sobre Belo Monte organizadas em Brasília pelo Ministério Público Federal e pelas Comissões de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e do Senado.

Mais grave ainda, tem ocorrido verdadeiras investidas contra instituições democráticas do país, construídas a duras penas ao longo de décadas, inclusive durante a ditadura militar. Alguns exemplos desse comportamento incluem:

- audiências públicas realizadas de forma absolutamente irregular, em número insuficiente, para discutir um estudo de impacto ambiental incompleto e distorcido da realidade e sem adequada divulgação prévia, e sob um forte aparato policial repressivo;

- descumprimento do artigo 231 da Constituição Federal e da Resolução 169 da OIT, que asseguram aos povos indígenas o direito ao consentimento livre, prévio e informado sobre grandes empreendimentos que afetam seus territórios e suas vidas;

- concessão "política" da Licença Prévia para Belo Monte sob forte pressão da Casa Civil, contrariando pareceres das equipes técnicas do IBAMA e da FUNAI;

- o uso de falsos argumentos por desembargadores do Tribunal Regional Federal (TRF1), invocando o fantasma de um apagão no setor elétrico, para justificar a derrubada de liminares concedidas por juízes contra a Licença Prévia e o leilão de Belo Monte, em favor de ações movidas pelo Ministério Publico Federal e entidades da sociedade civil;

- ameaças pela Advocacia Geral da União – AGU contra juízes federais, procuradores da república e entidades da sociedade civil que têm movido ações judiciais contra irregularidades no licenciamento ambiental de Belo Monte;

- alterações de última hora em leis e regulamentos financeiros para conceder um pacote inédito de crédito subsidiado, além de incentivos fiscais, com dinheiro do contribuinte brasileiro, para um empreendimento comprovadamente sem viabilidade técnica e econômica;

- manobras por autoridades do governo para obrigar fundos de pensão de empresas estatais (Petros, Previ, Funcef) a investirem em Belo Monte, ignorando riscos financeiros para investidores e o desrespeito a diretrizes de responsabilidade socioambiental dos mesmos.

No final de agosto, Lula assinou o Decreto de Outorga que permite a Contrato de Concessão para a UHE Belo Monte ao Consórcio Norte Energia. Na oportunidade, o Presidente afirmou que seu governo se diferencia de seus antecessores no tratamento de Belo Monte “por não ter medo de debater” com a sociedade civil (sic!). Tal comentário foi antecedido por declarações igualmente equivocadas numa recente visita a Altamira para “inaugurar” as obras de Belo Monte, onde o presidente hostilizou e procurou ridicularizar e desqualificar os questionamentos de críticos sobre a usina.

No momento, o Governo Federal ensaia a aprovação de uma Licença de Instalação "parcial" - algo que inexiste na legislação ambiental brasileira - para as chamadas "instalações iniciais" de Belo Monte (canteiro, acampamento, linha de transmissão, travessões de acesso), na tentativa de tornar o empreendimento um "fato consumado".

O Presidente do BNDES, Luciano Coutinho, anuncia que o banco vai conceder um empréstimo recorde de cerca de R$ 20 bilhões para financiar 80% das obras de Belo Monte. Com dinheiro emprestado do mercado financeiro internacional, o BNDES pretende aprovar um megaempréstimo com juros subsidiados (abaixo daqueles pagos pelo Tesouro), tudo por conta do contribuinte. Ao mesmo tempo, falta ao BNDES um mínimo de transparência sobre os critérios utilizados para a análise da viabilidade econômica e riscos financeiros de Belo Monte, inclusive relacionados aos impactos socioambientais do empreendimento.

Pautado em visões ultrapassadas sobre desenvolvimento econômico incompatíveis com os desafios do século XXI e motivado por laços promíscuos com empreiteiras e interesses eleitorais que se sobrepõem ao interesse público, o governo de Lula descarta oportunidades para promover a eficiência energética e fontes alternativas de energia, enquanto ressuscita um autoritarismo aterrador que imaginávamos ter superado com o fim da ditadura militar.

Se prevalecer a vontade do atual governo, será assinada uma sentença de morte do Rio Xingu e de seus habitantes, em flagrante descumprimento da Constituição Brasileira e de acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário, tais como a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas e a Convenção sobre Diversidade Biológica. É esse o Brasil que queremos? Em que situação ficará a democracia de um pais cujo presidente não honra a própria palavra, enquanto passa do discurso da “ética na política” para a “política da contravenção”?

29 de setembro de 2010

Assinam esta carta os seguintes participantes da reunião com o Presidente Lula em 22/07/09:

- Antonia Melo da Silva - Coordenação do Movimento Xingu Vivo Para Sempre
- Célio Bermann, Professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo
- Dom Erwin Krautler - Bispo da Prelazia do Xingu e Presidente do Conselho Indigenista Missionário – CIMI
- Felício Pontes, Procurador da República, Ministério Público Federal – Pará
- Idalino Nunes Assis - Representante das comunidades ribeirinhas do Xingu,
- José Carlos Ferreira da Costa - Associação da Resistência Indigena Arara do Maia- Volta Grande do Xingu,
- Lucimar Barros Silva - representante dos moradores da Agricultura familiar da Volta -Grande do Xingu,
- Ozimar Pereira Juruna - representante da Aldeia Juruna Paquisamba - Volta Grande do Xingu

Endossam esta carta as seguintes organizações da sociedade civil brasileira:

ABONG – Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais
Amigos da Terra – Amazônia Brasileira
Articulação de Mulheres Brasileira - AMB
Associação Alternativas para a Pequena Agricultura no Tocantins -APA-TO
Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal – ABEEF
Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé
Associação de Desenvolvimento da Agroecologia e Economia Solidária - ADA AÇAÍ
Associação de Proteção ao Meio Ambiente de Cianorte - APROMAC
Associação de Saúde Ambiental- TOXISPHERA
Associação do Povo Indígena Juruna do Xingu
Associação dos Agricultores da Volta Grande do Xingu
Associação dos Indios Moradores de Altamira
Associação Floresta Protegida
Associação Global de Desenvolvimento Sustentado
Associação Nacional de Ação Indigenista da Bahia
Associação para o Desenvolvimento Integrado e Sustentável – ADEIS
Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes - APACC
Associação Rádio Comunitária de Altamira -Nativa FM
BankTrack
CAMPA
Centro de Defesa dos Direitos Indígenas de Altamira - CDDI
Centro de Educação e Assessoria Popular – CEAP
Centro de Pesquisa e Assessoria Esplar
Centro de Referência do Movimento da Cidadania pelas Águas Florestas e Montanhas
Iguassu Iterei
Comitê de Desenvolvimento Sustentável Porto de Moz
Comitê Dorothy
Comitê em Defesa da Vida das Crianças Altamirenses
Comitê Independente por Justiça Ambiental - C.I.J.A
Comitê Metropolitano Xingu Vivo para Sempre, Belém/PA
Conselho Indígena de Altamira – COIA
Conselho Indigenista Missionário – CIMI
Conselho Municipal da Cidade de Porto Velho
Conservação Internacional - Brasil
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira - COIAB
Federação das Associações de Moradores e Organizações Comunitárias de Santarém –
FAMCOS
Federação de "rgãos para Assistência Social e Educacional - FASE
Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil – FEAB
FEM- Fundação Irmã Elza Marques
Forum Brasileiro de Economia Solidaria - FBES
Fórum Carajás
Fórum da Amazônia Ocidental - FAOC
Fórum da Amazônia Oriental - FAOR
Fórum das Mulheres da Amazônia Paraense – FMAP
Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense - FMAP
Fórum dos Direitos Humanos Dorothy Stang Regional Transamazônica e Xingu
Forum Mudanças Climaticas e Justiça Social
Forum Popular de Altamira
Frente Cearense Por uma Nova Cultura de Àgua
Fundação Tocaia
Fundação Viver, Produzir e Preservar – FVPP
Greenpeace
Grupo Ambientalista da Bahia – Gamba
Grupo de Articulação dos Direitos Indígenas de Altamira
Grupo de Defesa da Amazônia – GDA
Grupo de Mulheres Brasileiras – GMB
Grupo de Trabalho Amazônico - GTA
IBASE
Instituto Amazônia Solidaria e Sustentável – IAMAS
Instituto Ambiental Vidágua
Instituto Brasileiro de Inovações Sociedade Saudável - IBISS-CO
Instituto de Estudos Socioeconômicos – Inesc
Instituto de Pesquisas em Ecologia Humana
Instituto Madeira Vivo – IMV
Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul – PACS
Instituto Socioambiental - ISA
Instituto Terramar
Instituto Universidade Popular UNIPOP
International Rivers
Iterei – Refugio Particular de Animais Nativos
Justiça Global
Mana-Maní Círculo Aberto de Comunicação, Educação e Cultura
Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB
Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia – MAMA
Movimento de Mulheres do Campo e Cidade do Pará
Movimento de Mulheres Regional Transamazônica e Xingu
Movimento de mulheres Trabalhadoras de Altamira Campo e Cidade
Movimento Nacional de Direitos Humanos – MNDH
Movimento Xingu Vivo para Sempre – MXVPS
Núcleo Amigos da Terra Brasil
Operação Amazônia Nativa – OPAN
Organização Não Governamental Arirambas - ARIRAMBAS
Organização pelo Desenvolvimento da Amazônia com Direitos Humanos - ONDAS-DH
Organização Universalista em Direitos Humanos – U.S.O.S..
Prelazia do Xingu
Rede Alerta contra o Deserto Verde
Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais
Rede Brasileira de Arteducadores
Rede Brasileira de Justiça Ambiental
Rede Jubileu Sul Brasil
Sindicato das Trabalhadoras Domésticas Região Transamazônica e Xingu
Sindicato de Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais de Altamira
Sindicato de Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais de Porto de Moz
Sindicato de Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais de Vitória do Xingu
Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública Regional Transamazônica e Xingu
Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado do Pará -SINTSEP/PA
SINTEPP Altamira
Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos – SDDH
Survival International
Terra de Direitos
Terræ Organização da Sociedade Civil
União das mulheres indígenas da Amazõnia Brasileira - UMIAB
União dos Estudantes de Ensino Superior de Santarém (UES)

MPF/TO propõe ação civil pública contra Funasa para garantir direitos de indígenas à saúde

O Ministério Público Federal no Tocantins propôs ação civil pública em desfavor da União e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa/TO) com o objetivo de garantir que as comunidades indígenas residentes no estado recebam tratamento adequado à sua saúde, assegurando ações básicas a partir do provimento integral do quadro das Equipes Multidisciplinares de Atenção à Saúde Indígena. A ação ressalta que a situação da saúde indígena é alarmante e exige intervenção urgente do Poder Judiciário em salvaguardar o direito à saúde dos povos indígenas que vivem no Tocantins.

Em caráter de antecipação de tutela, o MPF/TO requer da Justiça Federal que a União, por intermédio da Funasa, seja obrigada a realizar no prazo de seis meses concurso público para o preenchimento dos cargos necessários à prestação eficiente de saúde, estabelecendo-se vencimentos compatíveis com os praticados pelo Governo Federal para profissionais da área. Durante este prazo, as equipes sob seu controle administrativo e gerencial devem ser mantidas em atividade, inclusive quanto ao cumprimento da carga horária prevista, à eficiência e ao pagamento da remuneração correspondente.

Também por meio da Funasa, a União deve disponibilizar um veículo por equipe para o transporte dos profissionais da saúde até as aldeias. No prazo de 12 meses, devem ser instalados postos de saúde em todas as aldeias definidas no Plano Distrital. O mesmo Plano Distrital deverá trazer definição das ações voltadas ao saneamento básico nas comunidades indígenas abrangidas pelo Distrito Sanitário Especial Indígena – DSEI/TO.

Por meio do Ministério da Saúde, é requerido que a União suspenda as transferências dos recursos destinados ao financiamento das equipes de Saúde Indígena para os municípios antes destinatários, repassando-os diretamente para a Coordenação Regional da Funasa no Tocantins, para que esta assuma os compromissos financeiros com o pagamento das remunerações dos profissionais de saúde. Também é requerida a fixação de multa no valor de R$ 510,00 mensais por família indígena integrante do DSEI/TO, que deverá ser revertida à própria comunidade para enfrentamento de suas necessidades fundamentais.

Precariedade no atendimento aos indígenas

A ACP integra procedimento que tramita na Procuradoria da República no Tocantins para apurar ou buscar garantir acesso aos serviços básicos de saúde às comunidades indígenas, ao qual já estão apensados diversos outros procedimentos, todos com objetos correlatos. Estes procedimentos visam apurar reclamações quanto ao atendimento à saúde indígena prestado pela Funasa/TO, especialmente no que diz respeito ao transporte de indígenas para os locais de atenção à saúde e das equipes multidisciplinares até às aldeias, bem como da estruturação dessas equipes e sua remuneração.

Durante audiências públicas realizadas para debater o tema e em denúncias às autoridades de diferentes esferas da administração pública, foi explicitada a insatisfação dos indígenas com os órgãos responsáveis por lhes garantir uma melhor qualidade de vida, com preocupação especial com as crianças. Representantes dos povos indígenas do Tocantins apontam a ausência de veículos para o transporte de equipes multidisciplinares. O transporte dos índios para as cidades até mesmo para atendimentos simples leva a uma série de outros problemas, tais como o alcoolismo.

Em relação à capacitação das equipes multidisciplinares, é apontado que a alta rotatividade faz com que profissionais devidamente treinados desapareçam do sistema, sendo substituídos por profissionais sem treinamento, situação comum a todas as aldeias que integram o DSEI/Tocantins. Faltam quase todas as especializações. A remuneração dos profissionais que atendem à saúde indígena também é inferior à que outros profissionais equivalentes recebem no próprio serviço público. O salário previsto para um médico de 20 horas semanais é de R$ 5.500,00 quando médicos no Estado do Tocantins que trabalham para o Programa de Saúde na Família chegam a receber remuneração equivalente a R$ 18.000,00.

O saneamento básico também é precário, o que impacta diretamente a prevenção e controle de doenças. Serviços de saneamento adequados contribuem para minimizar riscos à saúde pública. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instaurada para investigar a morte de crianças indígenas por subnutrição em 2005, apontou em seu relatório que por falta de mobilidade das equipes multidisciplinares de saúde, houve aumento de morbidade, casos de diarreias e infecções respiratórias agudas e, em algumas áreas, de desnutrição. Apesar da comoção que as mortes das crianças indígenas causou, o drama dos povos indígenas permanece, com óbitos já neste ano de 2010.

Direitos garantidos por lei

Os diversos procedimentos administrativos instaurados permitiram apurar que a Funasa jamais estruturou adequadamente as Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena, estando todas carentes de profissionais. Ao contrário do que consta na própria legislação (portaria do Ministério da Saúde nº 2.656 de 17 de outubro de 2007), as comunidades indígenas não são atendidas nas aldeias, e para fugir à responsabilidade da contratação, a Funasa transfere a alguns municípios o ônus de contratar os profissionais para as equipes, o que é feito de forma irregular. A Funasa também não dotou as aldeias, pelo menos as maiores e de referência para as outras, com postos de saúde equipados e dotados de profissionais, e existe grande carência de saneamento básico e abastecimento de água nas aldeias.

O acesso à saúde dos povos indígenas reclama um modelo adequado à diversidade de seus valores culturais, que atenda aos princípios do controle social, da integralidade e da universalidade próprios do Sistema Único de Saúde, mas também de diferenciação, especificidade e tradição cultural que lhe são peculiares. O Congresso Nacional já aprovou a Lei nº 9.836 de 23/09/99, conhecida como Lei Arouca, que regulamenta o subsistema de atenção à saúde indígena no âmbito do SUS. Com o estabelecimento do SUS, a responsabilidade de toda a estrutura de Estado relacionada ao atendimento à saúde indígena, incluindo as unidades de saúde, os funcionários e os recursos orçamentários, passou a ser da Funasa.

A Portaria nº 254, de 31 de janeiro de 2002, instituiu a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI), prevendo a adoção de um modelo complementar e diferenciado de organização dos serviços - voltados à proteção, promoção e recuperação da saúde - que assegurasse aos índios, em última análise, o direito à vida.

Ministério da Justiça publica quatro portarias declaratórias e um relatório de identificação de Terras Indígenas

O ministro da justiça Luiz Paulo Barreto publicou no dia 27 de setembro, as portarias declaratórias das Terras Indígenas Sombrerito, do povo Guarani Ñandeva (MS), Sururuá, do povo Tikuna e Kokama (AM), Ponte de Pedra, do povo Paresi (MT), e Buriti, do povo Terena (MS). O presidente da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) publicou ainda o relatório de identificação e delimitação da Terra Indígena Paukalirajausu, do povo Nambikuara (MT).

Nas portarias, o ministro declara as terras como de posse permanente dos povos indígenas interessados. De acordo com as portarias, as terras indígenas ficaram identificada nos termos do parágrafo 1º do art. 231 da Constituição Federal como sendo tradicionalmente ocupadas pelos grupos indígenas.

A Terra Indígena Buriti, tem aproximadamente 17.200 ha e fica nos municípios de Dois Irmãos do Buriti e Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul. A T.I. Sombrerito também fica no MS, no município de Sete Quedas e possui 12.608 ha. A T.I. Ponte de Pedra situa-se nos municípios de Campo Novo dos Parecis, Diamantino e Nova Maringá, no Mato Grosso e possui 17 mil ha. Nos processos das três terras citadas acima, as contestações foram julgadas improcedentes. Já para a T.I. Sururuá não houve contestações. A terra tem pouco mais de 36 mil ha e fica nos municípios de Benjamin Constant e São Paulo de Olivença, no Amazonas.

Fonte: Conselho Indigenista Missionário (CIMI)

Coiab pede implantação imediata da Secretaria Especial de Saúde Indígena

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) divulgou em seu site, no último dia 21, carta onde solicita ao Ministério da Saúde informações sobre o processo de implantação da Secretaria Especial de Saúde Indígena.

Leia abaixo a íntegra da carta:

Ao Ilustríssimo Senhor:

Ministro da Saúde/MS

Brasília – DF


Referente a: Secretaria Especial de Saúde Indígena


Prezado Exmo. Senhor Ministro,


A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), maior instância de representação dos povos e organizações Indígenas dessa região, vem a público solicitar informação sobre a implantação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI).

Foi aprovado no dia 3 de agosto de 2010, o Projeto de Lei de Conversão (PLV) 08/2010, em que o Senado transfere para o Ministério da Saúde as atribuições da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA).

A carência de campanhas de prevenção de doenças, a falta de amparo à saúde indígena, a deficiência da política de implantação de sistemas de abastecimento de água (SAA), a construção de banheiro e a ausência de ações de infra-estrutura e saneamento básico, entre outras questões tem resultado em muitos prejuízos e perdas de vidas humanas.

O caos da saúde indígena chegou numa situação limite. Por isso, a COIAB solicita que a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) seja implantada urgentemente, passando a assumir sua responsabilidade de desenvolver ações de saúde e promover sua operação e manutenção.

Reforçamos que a SESAI deverá amparar os povos indígenas por meio de um sistema de saúde eficaz, com atendimento médico, com fornecimento de medicamentos, com a prevenção e controle de doenças e adequação nas condições de saneamento.

Recomendamos que a SESAI designe uma equipe para prestar atendimento aos povos indígenas em suas aldeias, quando fizer-se necessário.

Assim, viemos manifestar a criação, o quanto antes, da Secretaria Especial de Saúde Indígena e solicitar que a SESAI cumpra a sua função de prestar Atenção à Saúde Indígena, articulada com o Sistema Único de Saúde (SUS), preconizada nessa medida de n 483/10.


Saudações Indígenas,


Marcos Apurinã

Coordenador Geral da COIAB

Coiab repudia tentativa da Eletronorte de cooptar lideranças indígenas em Altamira

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) divulgou, na última sexta-feira, dia 24, nota de repúdio contra a tentativa da empresa Eletronorte de oferecer presentes a lideranças Indígenas de Altamira em troca de apoio a construção da usina de Belo Monte.

De acordo com a nota “tal fato foi narrado à COIAB por lideranças indígenas da região durante um evento entre os dias 04 e 07 de junho de 2010, em Altamira/PA e numa visita do coordenador geral da COIAB, Marcos Apurinã, às aldeias que serão impactadas pela obra. Os envolvidos nas negociações alegaram receber ameaças da Eletronorte, uma das empresas responsáveis pela construção de Belo Monte, que também os chantageava com a retirada da assistência de saúde, da FUNAI, entre outros benefícios, se eles se manifestassem contra Belo Monte.”

Na época, a denúncia foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo, que afirmou “líderes Xicrins têm recebido cestas básicas, aluguel de barcos, motores e até casas alugadas em Altamira (PA). Estima-se que os presentes tenham custado R$ 400 mil”. Até o momento nada foi feito pelas autoridades para apurar o caso.

A Coiab acrescenta que teve acesso também a um documento de uma reunião que houve entre a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), lideranças indígenas de algumas aldeias impactadas pela AHE Belo Monte e a Eletronorte, no dia 09 e 10 de setembro de 2010. Na ata da reunião a FUNAI afirma ter assinado junto à Eletronorte um termo de compromisso visando o fortalecimento ao longo prazo dos programas abrangentes aos povos presentes no parecer. O documento cita que quando chegar as compensações, as comunidades têm que estar preparadas para entender como funciona a administração desse recurso. A ata relata ainda que “todos os equipamentos adquiridos nessa primeira fase são emergenciais (...) para começar a trabalhar na precaução desses problemas que as terras indígenas com certeza terão com o empreendimento de Belo Monte”.

Para ler a íntegra da nota clique aqui

CNBB condena ataque contra índios em MS

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) repudiou a violência contra os índios em Paranhos e Douradina e fez um apelo para que o governo faça as demarcações de terras indígenas. “São ataques a mão armada numa brutal intimidação aos habitantes dessas comunidades que se veem não só cerceadas no seu direito de ir e vir como também privadas de bens essenciais à vida como água, comida, educação e saúde”, afirma a nota, assinada pelo presidente da CNBB, Dom Geraldo Lyrio Rocha.

A igreja católica cobra uma solução “rápida, urgente e eficaz”. O documento começa com uma mensagem bíblica: “Eu vi a opressão do meu povo, ouvi os gritos de aflição diante dos opressores e tomei conhecimento de seus sofrimentos”. Em Paranhos, na fazenda São Luiz, cerca de 80 indígenas da etnia estão isolados há mais de 30 dias.

Na último dia 21 de setembro, o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) divulgou nota denunciando ataque contra 86 famílias Guarani Kaiowá em Douradina.

Estudo analisa invasão da soja em terras indígenas no MT

O Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis (CMA) da ONG Repórter Brasil lançou um novo estudo sobre impactos da soja, focando a relação da sojicultura com as terras indígenas no Mato Grosso. Maior produtor do grão do país, o Estado detém também o maior número de Terras Indígenas. Dos 141 municípios do Mato Grosso, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2008, apenas 44 (ou 31,2%) não cultivam soja ou não tinham registro da cultura.

No mesmo ano, 54 cidades (ou 38,3%) tinham entre 10 mil e 575 mil hectares de soja. Das 78 Terras Indígenas (TIs) listadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai) no Estado, ao menos 30 ficam em municípios com mais de 10 mil hectares de soja. Problemas inerentes à produção de soja no cerrado, como desmatamento, contaminação de solos e cursos d’água, desertificação, pressão sobre os territórios e outros já têm afetado várias aldeias indígenas. Um dos casos mais graves, no entanto, é a invasão e o desmatamento da Terra Indígena Maraiwatsede. Homologada pelo governo federal em 1998 com 165 mil hectares, a TI permanece com 90% de seu território ocupado ilegalmente por fazendeiros e posseiros não indígenas, majoritariamente criadores de gado e produtores de soja e arroz.

Estas atividades são responsáveis por um dos maiores desmatamentos em áreas protegidas do estado do Mato Grosso: 45% da mata nativa de Maraiwatsede já foi destruída, como aponta o Relatório 2010 do Programa de Monitoramento de Áreas Especiais (ProAE) do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam).

Entre os invasores da TI, estão “personalidades” o ex-prefeitos e o atual prefeito de Alto da Boa Vista e seu irmão, o prefeito de São Félix do Araguaia, e vários vereadores. Mas são duas fazendas de soja as maiores responsáveis pelo desmatamento ilegal da área, tendo sido multadas várias vezes pelo Ibama e agora denunc iadas pelo Ministério Público Federal.

O estudo do CMA/Repórter Brasil destrincha este caso e aborda a pressão da soja em outras áreas, como a terra de Sangradouro, também dos Xavantes, e as terras dos Paresi, Irantxe e Nambikwara, que passaram a cultivar soja em parcerias com fazendeiros, questionadas pelo poder público.

Por fim, o relatório discute alternativas e boas práticas do setor, como o projeto Y Ikatu Xingu, que busca recuperar as áreas degradadas da cabeceira do rio Xingu.

Clique aqui para acessar o relatório

Com informações Reporter Brasil

Relatório da ONU destaca violação de direitos indígenas no Brasil no caso da hidrelétrica de Belo Monte

Divulgado em 15/9 e lido no último dia 20, em Genebra, o relatório de James Anaya, Relator Especial da ONU sobre direitos humanos e liberdades fundamentais indígenas, trata de casos analisados em 2009 e 2010 em todo o mundo. No Brasil, os destaques são as denúncias sobre violações de direitos indígenas nos casos da construção da hidrelétrica Belo Monte(PA) e da transposição do Rio São Francisco e a grave situação em que se encontram os povos indígenas no Mato Grosso do Sul.

De acordo com o relatório, o Estado Brasileiro respondeu aos questionamentos feitos pela relatoria da ONU sobre os casos em destaque. Eles foram encaminhados ao governo com base em informações e denúncias que o Relator Especial James Anaya recebeu nos últimos dois anos de organizações indígenas, socioambientais e de direitos humanos. Em abril deste ano, denúncias sobre Belo Monte foram encaminhadas ao relator durante Fórum da ONU.

Em relação aos impactos da hidrelétrica de Belo Monte, o governo brasileiro limitou-se a anunciar que as áreas de inundação do projeto atual foram reduzidas em comparação com o projeto anterior, dos anos 1970. Entretanto, como já amplamente divulgado, e reconhecido por órgãos do governo, é a redução da vazão do rio (seca) que trará os maiores impactos para as duas Terras Indígenas (Arara da Volta Grande e Paksamba) reconhecidamente afetadas pela obra na Volta Grande do Rio Xingu. Ou seja, a resposta do Estado brasileiro ao relator da ONU foi incompleta nesse quesito.

Da mesma forma, questões fundamentais como a qualidade da água e da vida animal e vegetal na região não foram devidamente esclarecidas na resposta que o governo brasileiro deu, especialmente no que se refere aos impactos socioambientais que a obra trará para as populações da região. Além disso, as medidas que o governo anunciou ao relator para serem tomadas antes e depois do leilão são ainda genéricas e pouco conhecidas pelas populações atingidas. Entre essas medidas estão a desintrusão da Terra Indígena (TI) Apyterewa; a fiscalização e retirada de invasores das TIs Arara da Volta Grande e Cachoeira Seca; e o estabelecimento de um corredor ecológico entre as TIs Paquiçamba, Arara da Volta Grande e Trincheira Bacajá como parte da revisão de limites da TI Paquiçamba.

Preocupação em relação às consultas

O destaque do relatório apresentado em Genebra fica para a questão do direito de consulta dos povos indígenas, segundo o art.32 da Declaração da ONU sobre Direitos dos Povos Indígenas. Em suas observações finais, o relator destaca sua preocupação com o fato de os povos indígenas não terem sido adequadamente consultados sobre a hidrelétrica e, especialmente de não participarem dos processos que levaram à decisão de propor e implementar um projeto que os afeta diretamente. Depois de receber informações sobre os esforços de realização de consulta pelo governo - como alega a Funai - Anaya destaca que há preocupações em relação às consultas: se tiveram como objetivo obter o consentimento dos povos afetados ou se serviram como formalidade para avançar com o projeto.

Dada a magnitude do projeto de Belo Monte e seus potenciais efeitos sobre os povos indígenas na região, o relator observa a necessidade de esforços coordenados no sentido de realizar consultas adequadas com os povos, para chegar a um consenso no que diz respeito a todos os aspectos do projeto que possam afetá-los. Por fim, James Anaya ressalta que os próximos passos serão a observação das condições mínimas elencadas no estudo de viabilidade e mitigação de impactos de 2002 e a realização das demarcações de todas as Terras Indígenas na região, tal como proposto pela Funai.

O caso continuará sendo monitorado pela Relatoria da ONU e pode ser objeto de outras recomendações no futuro. O documento do relator está em inglês e pode ser lido aqui.

Nesta segunda-feira, além da leitura do relatório em Genebra, , mais de 100 organizações no Brasil entregaram uma notificação extrajudicial ao Banco do Brasil para que a instituição bancária não financie a hidrelétrica de Belo Monte. As mesmas organizações já haviam entregue notificação extrajudicial ao BNDES, maior financiador do empreendimento, em março, alertando para os impactos que a obra trará às populações e àquela região do Pará.
Fonte: Instituto Socioambiental (ISA)

Justiça mantém demarcação de terras indígenas em MS

O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) negou recurso do município de Sete Quedas (MS) que pedia o cancelamento dos estudos de identificação e delimitação de terras indígenas em sua área. O desembargador Henrique Herkenhoff, relator do processo, indeferiu pedido de liminar e afirmou que o município confunde interesse financeiro com interesse jurídico, ao invocar direito de propriedade de terceiros (proprietários de terras).

Na decisão, o magistrado determina que os estudos são necessários porque é preciso uma prova "contundente para definir a ocorrência ou não da posse indígena nos imóveis, bem como para verificar, nos casos de perda da posse, a forma pela qual os silvícolas deixaram de ocupar os imóveis". Ele faz referência ao julgamento da demarcação da terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, em que o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou a promulgação da Constituição (5/10/1988) como o marco temporal para aferir a posse indígena de um território.

Herkenhoff observa que o STF também decidiu que a tradicionalidade da posse indígena não se perde "se a reocupação apenas não ocorreu em decorrência de esbulho (ocupação ilegítima) por parte de não índios". Isso porque a Constituição "denomina o direito dos índios sobre as terras que tradicionalmente ocupam de originário, o que traduz um direito que prepondera sobre pretensos direitos adquiridos, como os materializados em escrituras públicas ou títulos de legitimação de posse em favor de não índios".

O argumento do município era que os documentos que comprovariam a titularidade das propriedades seriam suficientes para comprovar a posse por não índios, sendo desnecessários os estudos antropológicos. O município de Sete Quedas recorreu ao TRF-3 depois de ter o mesmo pedido negado pela Justiça Federal de Mato Grosso do Sul.

Na época, a Justiça decidiu que somente com os estudos é que poderia definir-se "a forma pela qual os indígenas deixaram de ocupar os imóveis", "se a perda da posse deu-se de forma pacífica, se houve abandono do local, se houve tentativas de retorno". O mérito do recurso ainda será julgado por uma turma de três juízes do tribunal.

Demarcações

O termo de ajustamento de conduta (TAC) firmado entre o Ministério Público Federal (MPF) e a Fundação Nacional do Índio (Funai), em novembro de 2007, determina a realização de estudos antropológicos em 26 municípios da região sul do Estado para posterior demarcação de territórios de tradicional ocupação indígena.

Os procuradores do MPF argumentam que Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população indígena do País, com cerca de 70 mil pessoas divididas em várias etnias. "Apesar disso, somente 0,2% da área do Estado é ocupada por terras indígenas. As áreas ocupadas pelas lavouras de soja (1.100.000 hectares) e cana (425.000 ha) são, respectivamente, dez e trinta vezes maiores que a soma das terras ocupadas por índios" no Estado.

III edição do Prêmio Culturas Indígenas busca ampliar número de comunidades e organizações indígenas premiadas

Iniciativa da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura em Parceria com as organizações indígenas e com o patrocínio da PETROBRAS, o Prêmio Culturas Indígenas está sendo realizado em 2010 em um novo formato. A idéia da edição que homenageia Marçal Tupã-Y é selecionar, entre as inscrições habilitadas em 2007, os 92 trabalhos que serão premiados neste ano. Entre os critérios da equipe de seleção consta premiar o maior número de povos por estado. A confirmação das inscrições segue até 15 de outubro. Cada premiado receberá 20 mil reais.

Desde a primeira edição, realizada em 2006, o Prêmio Culturas Indígenas cadastrou mil cento e cinqüenta práticas de fortalecimento das culturas indígenas em todo o Brasil. Do total de inscritos foram premiadas 184. “Muitas das iniciativas inscritas em 2007 foram habilitadas como práticas de fortalecimento cultural mesmo não recebendo o prêmio. E será justamente entre essas práticas que faremos a seleção, premiando o esforço das comunidades e organizações que enviaram suas inscrições.”, explicou Mauricio Fonseca, coordenador do Prêmio.

PORTAL – Outra novidade da atual edição será a criação de um portal de informações interativo sobre culturas indígenas que será lançado simultaneamente à premiação, marcada para o final do ano. A idéia é que o portal, alimentado pelo banco de dados do prêmio, seja também um canal de divulgação das culturas indígenas. Serão disponibilizadas para a rede de comunidades e organizações indígenas, entre outros segmentos, informações e ferramentas que estimulem a troca de experiências, ofereçam subsídios para elaboração de políticas públicas e que ampliem o mapeamento e a divulgação dessas expressões culturais. O objetivo deste portal é de fortalecer a rede das culturas indígenas.

A realização do Prêmio é feita pela ARPINSUL em parceria com a SID/MinC. Ação inédita do MinC para incentivar a produção cultural indígena, o Prêmio busca destacar as ações, projetos e iniciativas, desenvolvidos coletivamente nas comunidades indígenas do Brasil e compartilhá-los com a sociedade civil. Para conhecer mais sobre as iniciativas habilitadas e premiadas nas edições anteriores é possível consultar os catálogos ilustrativos 2006 e 2007 que trazem um perfil dessas práticas.

MARÇAL TUPÂ-Y – A cada edição o Prêmio Culturas Indígenas homenageia um líder indígena reconhecido pela luta em favor dos direitos dos povos indígenas. A III Edição relembra o líder guarani Marçal Tupã-Y assassinado em 25 de novembro de 1983 em função de seu papel na luta pela demarcação das terras indígenas. O Prêmio Culturas Indígenas já homenageou o líder kaingang Angelo Cretã e o cacique Xicão Xucuru, respectivamente em 2006 e 2007.

Quem está concorrendo ao Prêmio

As iniciativas que foram habilitadas na edição 2007 do Prêmio Culturas IndígenasComo se inscrever As comunidades contatadas pela equipe do Prêmio devem enviar para Rua Harmonia, 1150, bairro Vila Madalena, São Paulo, SP, Cep: 05435-001, os seguintes documentos:

· um documento reafirmando a intenção de executar as ações previstas na iniciativa da comunidade ou organização indígena
· um segundo documento indicando o representante da comunidade que receberá o recurso em caso de premiação.
*Estes documentos devem conter pelo menos 10 assinaturas de lideranças da comunidade proponente da iniciativa. Se a iniciativa tiver sido apresentada por uma organização indígena, deve conter a assinatura de todos os seus diretores.

Prazo final para envio de documentos : 15 de outubro de 2010
Maiores informações:

COORDENAÇÃO DO PRÊMIO CULTURAS INDÍGENAS

(11) 3868.3760/
Contato: Maurício Fonseca, coordenador geral
(11) 9293.2030

IMPRENSA:

Railidia Carvalho e-mail : railidia@gmail.com
(11) 3571 6489 / (11) 9379 9742

Ato ministerial restringe entrada em terra indígena em Mato Grosso

A Fundação Nacional do Índio (Funai) restringiu a entrada e a permanência de pessoas estranhas aos quadros da fundação na Terra Indígena Piripkura, localizada nos municípios de Colniza e Rondolândia, em Mato Grosso. A proibição vale pelo prazo de dois anos, a contar de hoje (29), de acordo com portaria foi publicada no Diário Oficial da União.

Durante esse período só poderão ingressar, locomover-se e permanecerna área, por tempo determinado, pessoas autorizadas pela Coordenação-Geral de Índios Isolados (CGII). Para essa autorização será exigida uma declaração da Funai se isentando de danos sofridos pelo(s) interessado(s).

A medida é dirigida principalmente a não índios que se movimentam na região. O intuito é proteger os índios isolados de contato com grupos sociais que possam transmitir doenças.


Com informações da Agência Brasil

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Fazendeiros de Douradina (MS) deixam área onde estavam atacando indígenas Guarani Kaiowá

Os fazendeiros que estavam atacando e ameaçando indígenas Guarani Kaiowá do Acampamento Ka’aguyrusu, município de Douradina (MS), deixaram a área e a situação está aparentemente mais calma. O ministério Público de Dourados e a Polícia Federal intercederam para que houvesse um acordo entre os indígenas e os fazendeiros e estes se retiraram do local.

Desde às 7h30 de hoje (21), o grupo de 86 famílias Guarani Kaiowá estava sendo violentamente atacado por fazendeiros da região. Os indígenas haviam feito a retomada da área no dia 4 de setembro. Os produtores entraram no acampamento cortando galhos de árvores para bater nas crianças e nas mulheres. Utilizaram fogos de artifício com pólvora para assustar e queimar os indígenas, deixando as crianças apavoradas, além de dar tiros para o alto, também no intuito de ameaçar. Esta é a quarta vez, em 17 dias, que o episódio acontece.
Fonte: Conselho Indigenista Missionário (Cimi)

Carta de Repúdio - Saude Indigena

Nós comunidades indígenas do Estado de Santa Catarina que estamos bloqueando a SCT 480, que liga os municípios de Bom Jesus a São Domingos e a Rodovia que liga Entre Rios a Bom Jesus que corta a Terra Indigena Xapecó – Ipuaçu – SC.

Este protesto está ancorado na preocupação que nós Lideranças Indígenas temos com as nossas comunidades em relação ao atendimento da Saúde Indigena. Exigimos uma posição definitiva sobre a situação de calamidade em que se encontra a saúde Indigena no Estado de Santa Catarina e Paraná, que representa hoje uma grave violação dos direitos humanos dos povos indígenas dos nossos Estados, e a violação de Pactos e Convenções Internacionais que asseguram a proteção desses direitos.

Nós Lideranças Indígenas já encaminhamos documentos e cobramos dos representantes da FUNASA que se comprometeram em resolver os problemas encontrados no atendimento a Saude Indígena, mas até hoje nada foi feito, o que é um total desrespeito e abandono ás nossas comunidades.

Os principais problemas encontrados para atender as populações indígenas são insuficiência de veículos e manutenções e regularização do transporte de pacientes nos casos de Urgência e Emergência para o período noturno, feriados e finais de semana que está paralisado a mais de 60 (sessenta) dias, falta de medicamentos nos Postos de Saude das Aldeias e a Farmácia não esta fornecendo medicamentos por atrasos nos pagamentos, falta de saneamento básico, recursos insuficientes para atender a demanda de consultas e exames especializados , aquisições de óculos e próteses, alimentações para os pacientes em transito.

Assinam as lideranças Indígenas de Santa Catarina e Paraná

Com informações da Arpinsul

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Jovens Indígenas da Amazônia Brasileira iniciam aula no Centro Amazônico de Formação Indígena (CAFI)

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), através do Centro Amazônico de Formação Indígena (CAFI) deu inicio no dia 13 de setembro de 2010 ao curso de Gestão de Projetos. No total são 15 alunos, vindos dos Estados do Amazonas, Acre, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. O curso tem como objetivo formar as lideranças indígenas em Gestão de Projetos, oferecendo instrumentos técnicos e teóricos para que os estudantes saiam preparados para atuarem na defesa e utilização sustentáveis dos seus territórios, possibilitando que as organizações indígenas da Amazônia Brasileira sejam auto-suficientes em recursos humanos.

Na apresentação individual dos alunos, os mesmos relataram a realidade dos povos indígenas de suas regiões, a satisfação de estarem fazendo parte do curso, e ainda a expectativa de estarem adquirindo conhecimentos e trocando experiências com outras lideranças dos Estados da Amazônia Brasileira. Segundo Roseninho Pinheiro Torres, do povo Munduruku, vindo da região de Itaituba, no Pará, este curso é muito importante para as organizações de base, pois atualmente as lideranças indígenas necessitam de conhecimentos teóricos, técnicos e políticos para o bom desempenho das atividades das organizações.

Estavam presentes na aula inaugural Sônia Guajajara, Cleyton Javaé, Matilde Madikai (ambos coordenadores da COIAB), Francileudo Gabriel (diretor/CAFI) e Lúcio Flores (representante / TNC). E contou ainda com a presença dos professores: Jeane Alves Maciel, que ministrará a disciplina de Português e Camilo Batista de Souza, professor de informática.

Para Sônia Guajajara, os cursos oferecidos pelo CAFI ajudam na melhoria da qualidade da gestão das organizações indígenas, tendo em vista a necessidade de aprimorar e de se adaptar a realidade que a sociedade não indígena impõe. Os novos estudantes são dos povos Munduruku, Xavante, Suruí, Tikuna, Gavião, Javaé, Kokama, Taurepang, Piratapuya, Yawanawa, Bakairi, Macuxi e Marubo, Foi apresentado aos alunos o histórico do CAFI e da COIAB, para melhor familiarização dos novos alunos do CAFI.

O CAFI

Através de parcerias, a COIAB conseguiu instalar o seu próprio Centro de Formação que funciona em Manaus/AM, que oferece dois cursos distintos: Gestão Etnoambiental e Gestão de Projetos. Proporciona ainda aos alunos, toda a infra-estrutura necessária para se manterem durante o curso como: casa de estudantes, um pequeno apoio (bolsa de estudos), professores qualificados, alimentação, transporte local e passagem aérea ida e volta das suas regiões, possibilita também a realização de encontros de discussão mais pontuais, consolidando assim o CAFI como uma escola diferenciada dentro da Amazônia Brasileira.

A FORMAÇÃO

O curso Técnico em Gestão de Projetos é direcionado a indígenas com interesse na formulação, implementação e gerenciamento de projetos; ocorre em três etapas: (I) Presencial (Sala de Aula em Manaus), (II) Estágio nas bases (Atividades de Campo) e conclusão do curso em Manaus.

DEPOIMENTOS DOS ALUNOS

Enock Taurepang. Aluno indicado pelo Conselho Indígena de Roraima: Para mim essa experiência é muito importante para todos nós da Raposa Serra do Sol e demais Terras Indígenas de Roraima, pois nos dá a oportunidade de trabalharmos projetos sustentáveis de acordo com o nosso modo de vida, respeitando principalmente a natureza. Trabalhando sempre em conjunto com toda a comunidade, desta forma repassando os conhecimentos obtidos durante o curso.

Joabe Aidem Pereira. Aluna indicada pela COPIAM: Meu objetivo no CAFI é adquirir conhecimento e levar várias experiências e poder retribuir para com aqueles que me confiaram. Como liderança quero poder desenvolver projetos que venham valorizar a educação e a sustentabilidade ao nossos jovens indígenas e as suas famílias.

Mais informações:

CAFI
Francileudo Gabriel, diretor do CAFI.
Cel: (92) 9222-3054 / 8220-1138
Fone: (92) 3621-7501

Fonte: Coiab

Encontro de povos indígenas sobre Mudanças Climáticas e REDD acontece em Brasília

Nesta terça-feira, dia 14, teve início no Centro de Convenções Israel Pinheiro, em Brasília/DF, o “Encontro de Povos Indígenas sobre Mudanças Climáticas e Redd+”. Realizado pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) com apoio da Conservação Internacional (CI), The Nature Conservancy (TNC), WWF-Brasil, Agência Alemã de Cooperação Técnica (GTZ) e da embaixada dos Países Baixos, o evento tem como objetivo central promover a troca de experiências entre povos indígenas e representantes de organizações ambientais e do governo sobre o mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e da Degradação florestal, conservação, manejo sustentável das florestas e aumento dos estoques florestais (REDD+).

De acordo com Sônia Guajajara, vice coordenadora da COIAB, a discussão sobre REDD está presente em todas esferas; local, nacional e internacional e, cada vez mais, os povos indígenas estão interessados em se informar sobre o tema. Para ela, “as terras indígenas estão sendo visadas para implantação de projetos de REDD, por isso a COIAB, como organização política e articuladora da Amazônia brasileira, se sente no papel de munir as lideranças indígenas de subsídios para evitar que estes sejam enganados pelas promessas de dinheiro fácil”.

Nesse primeiro dia o foco foi o tema “Visão Indígena sobre as mudanças climáticas, o papel das florestas e das Terras Indígenas”. O encontro, que encerra na quinta-feira (16), abordará ainda os riscos e as oportunidades de iniciativas de mudanças climáticas e REDD, os princípios e critérios socioambientais de REDD e a legislação sobre povos indígenas e políticas públicas de âmbito nacional e internacional relacionadas às mudanças climáticas e povos indígenas.

Estão presentes 20 lideranças indígenas dos povos Apurinã, Suruí, Guajajara, Kayapó, Macuxi, Cinta Larga, Xerente, Xavante, Krikati e Rikbaktsa.

SERVIÇO
Evento: Encontro de Povos Indígenas sobre Mudanças Climáticas e Redd+
Realização: CI-Brasil, COIAB, GTZ, TNC e WWF
Data: De 14 a 16 de setembro
Local: Centro de Convenções Israel Pinheiro, na altura da QI 29 do Lago Sul, ao lado da Ermida Dom Bosco
Horário: Das 09h às 18h

Fonte: Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB)

Ação urgente em favor da comunidade Guarani Kaiowá Y'poí

Aproximadamente 80 membros do grupo indígena Guarani Kaiowá Y’poí no Brasil estão sendo ameaçados por homens armados contratados por fazendeiros locais. Eles estão impedidos de deixar seu acampamento, resultando na impossibilidade de acesso à água, comida, educação e saúde.

O grupo reocupou fazendas que reivindicam como sendo parte de suas terras ancestrais, próximo a Paranhos, Brasil, em abril. Eles estão cercados por homens armados contratados por fazendeiros locais, que os ameaçam continuamente e tiros têm sido disparados para o ar durante a noite. Eles também estão impedidos de deixar seu acampamento. Isso os deixou em uma situação crítica, sem acesso a água, comida, educação e saúde.

A Fundação Nacional de Saúde do Índio (FUNASA) não tomou providências para prover cuidados à comunidade, alegando falta de segurança. As crianças da comunidade estão ficando doentes devido à falta de assistência médica e de água e às condições do tempo que está muito seco. A comunidade denunciou sua situação ao Ministério Público Federal, à Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e às autoridades policiais do estado, mas nenhuma medida foi tomada até agora.

Anteriormente, a comunidade Guarani-Kaiowá Y’poí foi violentamente expulsa de suas terras ancestrais, em outubro de 2009. Durante a expulsão, membros da comunidade disseram que viram Genivaldo Vera sendo levado embora por homens armados e seu primo Rolindo Vera fugindo para a floresta. O corpo de Genivaldo Vera foi encontrado em um rio próximo poucos dias depois. Sua cabeça tinha sido raspada e seu corpo apresentava muitos ferimentos. O paradeiro de Rolindo Vera permanece desconhecido. Após mais de 300 dias a família de Rolindo continua a esperar que a Polícia Federal informe-lhes o que aconteceu com ele ou que traga seu corpo. A comunidade quer procurar por Rolindo, mas estão impedidos de sair do acampamento.

> POR FAVOR, ESCREVA SEM DEMORA em português ou em seu idioma:

* Pedindo às autoridades que garantam a segurança da comunidade e assegurem que eles tenham acesso à comida, água, cuidados de saúde e que eles possam se deslocar livremente.

* Instando as autoridades a garantir que a FUNASA e a Polícia Federal visitem o local e providenciem cuidados adequados para a comunidade.

* Solicitando que a Polícia Federal conclua a investigação sobre a morte de Genivaldo Vera e sobre o paradeiro de Rolindo Vera e que os responsáveis sejam levados à justiça.

* Instando as autoridades a cumprir plenamente suas obrigações sob a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, a Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas e a Constituição Brasileira, finalizando a demarcação de todas as terras indígenas.

> POR FAVOR, ENVIE OS APELOS ANTES DE 22 DE OUTUBRO DE 2010 PARA:

Ministro da Justiça
Exmo. Ministro
Sr. Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto
Esplanada dos Ministérios,
Bloco "T"
70712-902 - Brasília/DF Brasil
Fax: + 55 61 3322 6817/ 3224 3398
Tratamento: Prezado Sr. Ministro

Secretário Especial de Direitos Humanos
Secretaria Especial de Direitos Humanos
Exmo. Secretário Especial
Sr. Paulo de Tarso Vannuchi Esplanada dos Ministérios-
Bloco "T" - 4º andar, 70064-900 Brasília/DF Brasil
Fax: + 55 61 3226 7980
Tratamento: Prezado Sr. Secretário

E cópias para:
Conselho Indigenista Missionário,
(CIMI – local NGO)
CIMI Regional Mato Grosso do Sul
Av. Afonso Pena, 1557 Sala 208 Bl.B
79002-070 Campo Grande/MS, Brasil
Email: cimims@terra.com.br

> Informations in english (Informações em inglês) : www.amnesty.org/en/library/info/AMR19/020/2009/en AÇÃO URGENTE


A luta pela demarcação de terras em MS

O estado de Mato Grosso do Sul abriga algumas das menores, mais pobres e mais densas áreas de população indígena do Brasil: bolsões de pobreza cercados por grandes plantações de soja e cana-de-açúcar e fazendas de criação de animais, onde a vida é extremamente difícil devido às péssimas condições de saúde e às pobres condições de vida.

Em novembro de 2007, o Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul assinou um acordo (Termo de Ajustamento de Conduta, TAC), com a FUNAI, no qual este órgão se comprometia a identificar e delimitar até abril de 2010, 36 áreas diferentes de terras ancestrais dos índios Guarani Kaiowá para futura demarcação. Em 29 de julho, o Ministério Público Federal submeteu uma petição ao Tribunal de Recursos Federais solicitando a execução judicial do TAC. O Ministério Público solicitou que a FUNAI cumprisse os temos do acordo no prazo de 60 dias e, caso isso não fosse feito, que a demarcação fosse feita por uma terceira parte paga pela FUNAI. Eles também pediram que a FUNAI pagasse a multa estipulada no acordo pelo atraso na finalização da identificação das terras ancestrais dos índios.

As terras ancestrais que os Guarani Kaiowá começaram a reocupar já deveriam ter sido vistoriadas por antropólogos a serviço do governo com o objetivo de identificar as terras a serem devolvidas à comunidade, conforme estabelecido no acordo assinado em 2007. Contudo, os fazendeiros da área têm constantemente bloqueado as tentativas de levar adiante os levantamentos necessários para identificar as terras a serem devolvidas.

Por conta do fracasso para dar uma solução às reivindicações de terra, muitas comunidades de Guarani Kaiowá iniciaram a reocupação de suas terras ancestrais. Com isso, tem ocorrido uma série de expulsões violentas frequentemente envolvendo grupos armados. Empresas de segurança irregulares, muitas das quais agindo efetivamente como milícias ilegais a serviço dos proprietários de terra ou da agroindústria, têm se envolvido em diversos abusos de direitos humanos nas áreas rurais do Brasil e permanecem como uma séria ameaça não só aos povos indígenas, mas também aos trabalhadores rurais que lutam pelo direito à terra.

Tanto a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, endossada pelo Brasil em 2007, quanto a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, da qual o Brasil é Estado parte, garante aos povos indígenas direitos sobre suas terras ancestrais e exige que os Estados estabeleçam mecanismos para garantir que estes direitos sejam adjudicados e reconhecidos. A Constituição Brasileira também garante aos povos indígenas brasileiros o direito a suas terras e a responsabilidade da União em demarcá-las.

Fonte: Conselho Indigenista Missionário (Cimi)