Representantes dos povos Arara, Gavião e Zoró exigem
revogação da Portaria 303 da AGU e melhorias na Saúde Indígena
Lideranças indígenas do
estado Rondônia ocuparam a sede da FUNAI em Ji-Paraná. O grupo formado por mais
de 200 pessoas protesta contra a Portaria 303/2012 da AGU, medidas legislativas
anti-indígenas como as PECs 215 e 038, que tramitam respectivamente na Câmara
dos Deputados e no Senado; e também o quadro crítico que assola a Saúde Indígena
com a falta de atendimento adequado nas aldeias, estrutura, profissionais e
medicamentos. Em Rondônia existem pelo menos 12 mil indígenas.
A Portaria 303/2012 normatiza a atuação do corpo
jurídico do Governo Federal e caso seja aplicada a todas as Terras Indígenas do
país poderá significar, na prática, a revisão e o impedimento de novas
demarcações, o que atende diretamente as demandas do setor ligado
ao Agronegócio. Também autoriza a implantação em territórios indígenas de
unidades, postos e demais intervenções militares, malhas viárias,
empreendimentos hidrelétricos e minerais de cunho estratégico, sem consulta aos
povos e comunidades. Afeta, ainda, a autonomia em relação ao usufruto das
terras.
A medida, considerada inconstitucional pelo
Movimento Indígena foi editada sem qualquer consulta aos Povos, desrespeitando
totalmente o que reza a Convenção 169 sobre Povos Indígenas e Tribais da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), documento do qual o Brasil é
signatário e que, portanto, de acordo com o Direito Internacional tem poder de
Lei. Outro ponto contrário à Portaria reside no fato de que a decisão do STF
sobre as condicionantes ainda não “transitou em julgado”, ou seja, o processo
ainda não foi concluído. A razão é que foram apresentados seis pedidos de
esclarecimentos, os chamados embargos de declaração, que ainda estão na pauta
do STF para serem julgados.
Enquanto isto, no Congresso Nacional as PECs 038,
no Senado, e 215, na Câmara dos Deputados, pretendem transferir a
responsabilidade sobre a demarcação de terras Indígenas da FUNAI para as duas
Casas Legislativas. Dado a correlação de forças no Congresso, dominado por
parlamentares simpáticos ao agronegócio e ao desenvolvimento predatório, isto
poderá representar o fim do modo de vida e da cultura dos Povos Indígenas como
conhecemos atualmente.
De acordo com o líder
indígena Wellington, do Povo Gavião, que conversou por telefone com a APIB, a
ocupação irá continuar até que uma comissão seja recebida pelas autoridades
federais, em Brasília. Os indígenas
solicitam audiência com o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; o Ministro
da Saúde, Alexandre Padilha, e com
representantes da Secretaria de Direitos Humanos.
Por Gustavo Macedo/AscomAPIB
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