Carros que eram usados para transporte de índios em Barra estão apodrecendo em mecânica, que também não recebeu. Situação acontece há um ano, após intervenção no órgão; dono de oficina se cansou de cobrar dívida
Um verdadeiro retrato de abandono e desperdício do dinheiro público. Esta é a realidade de pelo menos 40 veículos que integravam a frota da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) que prestavam assistência às aldeias das Terras Indígenas da etnia xavante na região de Barra do Garças. As viaturas, na sua maioria caminhonetes, estão apodrecendo em oficinas e no pátio da Casa de Saúde Indígena (Casai) em Aragarças, na divisa entre Mato Grosso e Goiás.
Os veículos que estão parados têm pouco mais de quatro anos de uso e apresentam bom estado de conservação, porém, têm sido pouco utilizados e servido apenas como repositores de peças para aqueles que ainda têm uma serventia. “Infelizmente, essa é a real situação. Aqui na minha oficina eram seis e ainda restam três. Tive que rebocar os veículos para desafogar o pátio”, disse o empresário Roberto Garcia Miranda, proprietário da loja Mundial Auto Center.
Segundo ele, desde o processo de intervenção na Funasa, ocorrido no ano passado, toda a rede de assistência que o órgão prestava para as comunidades indígenas regionais foi desativada, pondo em risco a qualidade de vida dos povos indígenas. “As viaturas eram utilizadas quase que diariamente no transporte de indígenas, alimentos e, principalmente para o socorro emergencial nas aldeias, mas hoje o que se vê é o abandono de caminhonetes Nissan, Frontier e Mitsubishi L200, ano 2007”, enumerou.
Além das oficinas, o pátio da Casa de Saúde Indígena em Aragarças, do outro lado do rio Araguaia, em território goiano, também tem servido de “abrigo” para a frota de veículos. Jogados ao relento, maioria das caminhonetes está parada por falta de manutenção mecânica e zelo da Funasa. “Já comuniquei por diversas vezes o fato à administração regional para que ao menos façam a retirada dos carros que estão na minha oficina, mas nenhuma providência foi tomada e, enquanto isso, sou obrigado a mantê-los aqui, mesmo ocupando espaço indevido”, afirma Roberto, cuja oficina era uma das credenciadas para a execução de serviços mecânicos.
CALOTE - A situação envolvendo a Funasa não se restringe apenas ao abandono da frota de veículos em Barra do Garças. Existem pendências para ser quitadas e os prejuízos revoltam os credores. Na cidade existem duas lojas que já não sabem mais o que fazer para receber por serviços prestados ao órgão.
A Mundial Auto Center, de propriedade de Roberto Garcia Miranda é uma delas. Ele afirmou que vem lutando desde abril do ano passado para receber uma dívida de aproximadamente R$ 100 mil, mas todas as tentativas foram em vão. “Minha loja assinou convênio com a empresa Goocard, responsável pelo gerenciamento de serviços mecânicos para a Funasa. Durante o período de vigência deste convênio, cumpri com as minhas obrigações de prestar serviços de manutenção nos veículos que atendiam as aldeias. Desde recuperação de motores, reparos em suspensão, freio e outros, foram executados. Coloquei peças do meu estoque, mas e o pagamento?”, indagou.
O empresário disse que promessa, já recebeu várias, mas ver a cor do dinheiro, nada. “É uma grande injustiça com quem prestou serviços. Não posso falar em nome da outra empresa, mas no meu caso, é omissão mesmo. Não sei mais a quem recorrer”, disse, afirmando que além de não receber, teve a informação de que o seu convênio foi rompido sem qualquer aviso prévio.
Com informações do Diário de Cuiabá
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