No próximo mês, entre os dias 14 e 17, a Universidade de Brasília sediará o 1º Congresso Brasileiro de Acadêmicos, Pesquisadores e Profissionais Indígenas. Durante o encontro, representantes dos povos indigenas do Brasil irão debater novos caminhos para a construção do saber. O encontro terá como foco principal os conhecimentos tradicionais e ciência acadêmica e vai reunir mais de 700 acadêmicos e pesquisadores de origem indígena.
Sidney Monzila, de 27 anos, é um deles. Bacharel em Direito desde 2007, ele se prepara para a próxima seleção do curso de especialização em Desenvolvimento Sustentável e Indigenismo na UnB. Monzila já trabalha na área, como coordenador do Observatório dos Direitos Indígenas, projeto social que recebe denúncias e faz articulações no Congresso Nacional.
O rapaz é hoje um dos líderes do Povo Umutina, uma comunidade com 450 pessoas, no município de Barra do Bugres, em Mato Grosso. Aos 12 anos, foi à cidade terminar o ensino fundamental. Quando a faculdade Unicen de Cuiabá passou a oferecer bolsas de estudo para indígenas, Sidney e seu primo deixaram a aldeia e aproveitaram a oportunidade. Hoje, ele já pensa na sua área de mestrado: Direito Ambiental.
Mutaí Matos, 30 anos, estuda Administração na UnB e também pretende usar o que aprendeu para ajudar sua aldeia no município de Coroa Vermelha, na Bahia. “Antes mesmo de pensar no mestrado, eu quero voltar para a aldeia e aplicar meus conhecimentos lá mesmo”, conta o indígena do Povo Pataxó Hã-hã-hãe.
“O maior benefício de termos indígenas cursando uma graduação é que teremos mais ferramentas para conseguirmos a autonomia das comunidades, de forma que eles possam gerir seu próprio patrimônio, seja ele territorial ou cultural”, afirma Vilmar Guarany, secretário-executivo do Centro Indígena de Estudos e Pesquisas (CINEP), entidade que organiza o Congresso.
Para Vilmar, os Povos Indígenas do Brasil têm muito a oferecer à academia. Os conhecimentos tradicionais dos índios podem trazer novas idéias nas áreas de Biologia, Biodiversidade, Agronomia, remédios e até cosméticos. No Direito, um dos objetivos é criar uma jurisdição indígena, onde a comunidade possa criar e administrar o seu próprio sistema de leis, de acordo com seu sistema de valores.
Maiores informações sobre 1º Congresso Brasileiro de Acadêmicos, Pesquisadores e Profissionais Indígenas podem ser obtidas através do telefone do CINEP (61) 3225 4349
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