Cerca de 200 indígenas de dez povos do estado do Acre ocupam desde a manhã desta quarta-feira, 18, a sede regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Rio Branco. Os índios afirmam que só sairão do local depois da presença do presidente do órgão, ou representante direto, com encaminhamentos concretos sobre a pauta reivindicatória.
Antevendo ações de repressão, os indígenas requisitaram ao Ministério Público Federal (MPF) a garantia de permanência no local, pois temem que a Polícia Federal intervenha e os retire das dependências da Funai.
A principal reivindicação é a demarcação de 21 terras indígenas espalhadas pelo estado e região de Boca do Acre, município que adentra ao sul no estado do Amazonas. Há mais de dez anos que os povos Jaminawá, Huni Kuĩ, Apurinã, Jamamadi, entre outros, esperam que a Funai resolva a questão fundiária.
Por outro lado, esperam também por providências imediatas quanto a questão da saúde, que entre o ano passado e este ano registrou 24 mortes de crianças indígenas vítimas de diarreia, suicídios e uma situação de calamidade pública na Casa de Saúde Indígena instalada em Rio Branco.
Como a educação diferenciada indígena é ignorada pelo governo estadual, transformando em caos as escolas nas comunidades, isso quando elas conseguem se estruturar, os povos reivindicam melhorias imediatas. Durante o ano passado, os indígenas ficaram acampados durante nove meses com os mesmos pontos de pauta. Ouviram das autoridades que as reivindicações seriam atendidas, mas até agora nada foi feito.
A decisão pela ocupação ocorreu durante o Acampamento Vozes das Aldeias, em contraposição às comemorações folclóricas do Dia do Índio, nesta quinta-feira, 19, e para lembrar que o mês de abril é um período de lutas intensificadas. Apesar da importância do evento para os indígenas, a coordenadora regional da Funai Maria Evanilza Nascimento dos Santos não compareceu, o que indignou os povos.
Conforme as lideranças, a ausência da coordenadora do órgão foi o melhor exemplo de como os governos vêm tratando os direitos e problemas das comunidades. Maria Evanilza compareceu à ocupação e conversou com os indígenas, que irredutíveis exigem a presença da Funai de Brasília.
Fonte: Conselho Indigenista Missionário Cimi)
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