sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Cinta Largas denunciam abuso policial e roubo de madeira de terra indigena




Entrevista com Marcelo Cinta-Larga e Pio Cinta-Larga

Numa sala da sede da superintendência da Funai – Fundação Nacional do Índio em Cacoal, onde também se reúne o Conselho do Povo Cinta Larga, dois lideres da comunidade indígena concederam entrevista na manhã de quinta-feira (19). Pio Cinta Larga, atual administrador regional da Funai em Cacoal e Marcelo Cinta Larga, que é professor de cultura indígena e coordenador do Conselho do Povo Cinta Larga. Durante a conversa eles falaram sobre a falta de recursos, projetos de sustentabilidade e ainda denunciaram roubo de madeira e o exagero no zelo policial dos “brancos” com os lideres do povo guerreiro que habita o extremo sul de Rondônia, na divisa com o Mato Grosso.

Pio e Marcelo são representantes da Terra Indígena Roosevelt, reserva com cerca de 2,7 milhões de hectares com quatro grandes áreas – Aripuanã, Parque Aripuanã, Roosevelt e Serra Morena que também agrega a etnia Aporinã. Nas proximidades outra etnia, a Suruí habita outra reserva, a Terra Indígena Sete de Setembro.

No subsolo da reserva Roosevelt, encontra-se uma das maiores jazidas de diamante do mundo. Cerca de 20 aldeias com aproximadamente 1500 índios compõe a comunidade Cinta Larga, com destaque para a Aldeia Tenente Marques, que é administrada pelo Cacique João Bravo, personagem principal na guerra contra garimpeiros invasores. Bravo também é um dos últimos sobreviventes do massacre do “Paralelo 11”, que ocorreu nos meados dos anos 60 e chocou toda a comunidade internacional.

Com uma visita do CNPI – Comissão Nacional Política Indigenista - programada para o próximo dia 14 de dezembro, Marcelo e Pio Cinta Larga adiantaram alguns pontos que serão colocados na pauta de discussão na reunião. “Primeiro, vocês tem que entender que 80 a 90% dos índios não conhece lei. Não entende como funciona, não é da nossa cultura” começou Marcelo.

Sobre as seis barreiras policiais federais que fazem a vigilância e o “estrangulamento” da extração ilegal de diamantes, Marcelo reclama que a Policia Federal não é parceira do Índio, tratando os Cinta Largas como “invasores da terra, traficantes, bandidos”.

“Perto do posto da PF tem invasão de “brancos” com roubo de madeira” denuncia, afirmando que a verba de sete milhões de reais do Ministério da Justiça destinado à “Operação Roosevelt” é mal aplicado pela PF, que deixa a desejar na fiscalização. “Queremos que este dinheiro seja entregue para a Funai gerenciar. Pode fazer parceria com o Batalhão Ambiental e preparar os índios para o trabalho de fiscalização” diz Marcelo.

O chefe da Funai, Pio Cinta Larga concorda com Marcelo e questiona: “Qual a intenção de realizar uma operação que não está resolvendo nada? Nós conhecemos os caminhos da floresta, a “varação” dos ladrões de madeira e diamante. Podemos fiscalizar! Porque não fazem a barreira lá nas proximidades do garimpo, que fica depois de nossa aldeia. Porque temos que ser constrangidos todos os dias pela Polícia?”diz Pio. Ele explicou que onde se extrai o diamante é numa área a cerca de 20 quilômetros depois da aldeia Tenente Marques.

O professor Marcelo ( foto ao lado) também alerta para a carência de moradias e projetos de desenvolvimento sustentável do seu povo. Segundo Marcelo, o Governo está construindo 22 novas casas na Reserva Roosevelt, porém “são pequenas demais, são como casa de passarinho”.

Em relação à economia das aldeias, Marcelo disse que o ideal seria a celebração de convênios para projetos de sustentabilidade da etnia, com comercialização e produção de artesanato, colheita de castanha, copaíba e outros produtos da floresta. “Temos um convênio que nos garante receber cestas básicas por três anos. Quando terminar a parceria, queremos ter autonomia para caminhar com próprias pernas”. O outro líder indígena Pio Cinta Larga também pede apoio para encascalhar a estrada que dá acesso a reserva, levar energia elétrica para aldeia, incrementar projeto de psicultura, fazer roça, construir casa de farinha e maquina para beneficiar arroz.

“Também estamos aprendendo como funciona o projeto de venda de créditos de carbono. Vamos levar discussão para comunidade para aprovação. “Deste jeito vamos preservar o meio ambiente e explorar nosso “ouro verde” disse Pio. Outra reivindicação, esta considerada urgente por Pio, são recursos para revitalizar as picadas limítrofes da reserva. “Temos que fiscalizar nossas fronteiras, precisamos de apoio. Estão invadindo nossas terras e precisamos defendê-la.”.

“Não temos culpa que os portugueses chegaram aqui e tomaram nossa terra. Muitos acham que a gente não precisa de dinheiro, mas tudo no mundo dos brancos é pago. Como querem que povo Cinta Larga progrida, ficando cercados de policia. Não somos bandidos e exigimos respeito do Governo Federal e sua Polícia” finalizou Pio Cinta Larga.

MADEIRA

Vista Alegre do Pacaranã é um distrito de Espigão do Oeste, localizado a 86 km do município. Uma estrada de terra em condições sofríveis é o acesso à localidade que faz divisa com a Terra Indígena Roosevelt. No caminho impressiona a quantidade de caminhões e “bi-trens”, todos novos, carregados de madeira que “descem” a todo instante de “Pacaranã”.

Segundo informações, cerca de 20 serrarias estariam em operação na localidade, algumas na ilegalidade. Uma fonte que não quis se identificar afirma: “Quando chegam a Espigão, guias de plano de manejo sustentável “esquentam” a madeira que é roubada das terras indígenas, principalmente da etnia Suruí”. (Clique aqui e assista vídeo exclusivo)
Fonte: Rondoniaovivo.com

Um comentário:

  1. Os motivos do genocideo do povo indigena

    http://www.alertatotal.net/2008/04/o-genocdio-indgena-e-entrega-do-brasil_13.html

    http://revistatrip.uol.com.br/print.php?cont_id=29731

    Maiores detalhes http://www.integralismolinear.org.br/site/mostrar_artigo.asp?id=70

    Niobio, a maior riqueza do Brasil http://www.youtube.com/watch?v=a2AEeIpvXwE

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