terça-feira, 28 de junho de 2011

MOÇÃO DE APOIO ÀS REIVINDICAÇÕES ENCAMINHADAS PELOS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL POR MEIO DO ACAMPAMENTO TERRA LIVRE-2011 E BANCADA INDÍGENA DA CNPI

Nós, Povos e representantes de Organizações Indígenas, da Amazônia Brasileira, reunidos em São Gabriel da Cachoeira, na Maloca da FOIRN, nos dias 18 a 21 de junho durante o primeiro encontro “Diálogos entre as Lideranças Indígenas da Amazônia Brasileira”, realizado pela COIAB, em parceria com a FOIRN, vimos por meio desta, manifestar o nosso total e irrestrito apoio as reivindicações encaminhadas pelos povos indígenas, por meio do documento elaborado pelo Acampamento Terra Livre, e a bancada indígena da CNPI que depois de participar de 16 reuniões ordinárias não suportou mais as atrocidades cometidas pelo Governo Federal que, com a sua política do rolo compressor, tem desrespeitado sistematicamente os direitos dos povos indígenas, garantidos na Constituição Federal e nos instrumentos internacionais de direitos humanos, como a Convenção 169 da OIT e a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.

Reafirmamos as denúncias já encaminhadas nos documentos citados, no que se refere à inoperância do órgão indigenista oficial, que não atende as reinvindicações das nossas comunidades e aprova, à revelia, projetos que impactam nossas vidas, a exemplo do megalomaníaco projeto de Belo Monte, que só vai gerar dor e sofrimento aos Povos Indígenas do Xingu.

No que se refere à reestruturação da FUNAI, observamos que na prática nunca saiu do papel, e vem prejudicando as comunidades indígenas, que estão abandonadas desde a extinção das administrações locais e os postos indígenas. A FUNAI planeja as ações dentro de nossas terras, sem a nossa participação, sem o consentimento de nossas lideranças, contrariando o próprio decreto que prevê a composição do comitê gestor regional com ampla participação indígena. Com relação à educação escolar indígena específica, diferenciada e de qualidade, esta não existe na prática. Exigimos que seja cumprido o que rege a Constituição Federal, que os direitos indígenas sejam garantidos, a educação seja respeitada, através da construção das escolas, a contratação permanente e formação continuada de todos os professores indígenas. Que os materiais pedagógicos sejam elaborados em parceria com os professores indígenas e distribuídos regularmente. Que o MEC financie as iniciativas comunitárias, com o objetivo de promover um ensino de qualidade, que respeite a diversidade de nossos povos.

Sobre a questão da Saúde, exigimos que a SESAI cumpra o que foi acordado com o movimento indígena e que a Secretaria não seja instrumento político de manobra e de manipulação. Que a saúde dos povos indígenas seja uma questão de prioridade.

Dessa forma, exigimos que as nossas reivindicações sejam prontamente atendidas, para a garantia dos direitos e interesses dos povos indígenas da Amazônia Brasileira.

São Gabriel da Cachoeira, 21 de junho de 2011

Um comentário:

  1. Táva Guasu Guarani Retã, do Paraná Brasil.

    Lembrando: A população Indígena no Brasil chegou o tempo de ter a sua própria estrutura, para ter o direito a sua autodeterminação. Sabe porque?

    O que diz Tupã O que diz Tupã Ñande Ru Rembiguai:
    http://pt.netlog.com/Momaitei/blog/blogid=2174587#blog

    http://www.facebook.com/guaranireko
    tupa@guarani.org.br

    Que tratado houve que os homens brancos tenham respeitado e o homem guarani rompido? Nenhum. Que tratado houve que o homem branco alguma vez haja feito conosco e ele tenha respeitado? Nenhum. Quando eu era criança, os Guarani eram senhores do mundo; o sol nascia e punha-se dentro das suas terras e podiam enviar dez mil homens ao combate. Onde estão hoje esses guerreiros? Quem os terá chacinado? E as nossas terras, onde estão? Quem será que as possui? Que homem branco poderá sustentar que eu alguma vez lhe tenha roubado a terra ou um só centavo do seu dinheiro? E apesar disso chamam-me ladrão. Que homem branco, mesmo sozinho, foi alguma vez feito cativo ou insultado por mim? E apesar disso clamam que eu sou um índio ruim. Que homem branco me terá alguma vez visto bêbado? Quem terá alguma vez chegado ao pé de mim com fome e se foi embora sem comer? E alguém me terá visto alguma vez bater nas minhas mulheres ou maltratar os meus filhos? Que lei terei eu quebrado? Não terei eu razão por ser fiel à minha própria lei? Acaso será um mal que eu tenha a pele vermelha? Que seja um Guarani? Que tenha nascido onde meu pai viveu? Que morra pelo meu povo e pela minha terra?

    Avá Ayvu pu momarandu, yvypóra pe guãrã!

    Antonio Cabrera Tupã
    Vice-Presidente da Oscip GUARANY TEKO ÑEMOINGO
    Da Aldeia Indígena Avá Guarani do Oco'y - PR.

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