segunda-feira, 2 de abril de 2012

ASSEMBLEIA EXTRAORDINÁRIA DA COIAB


Foto: ASCOM COIAB
   
Para fortalecer o movimento indígena amazônico no ano de 2012, aconteceu em Manaus, capital amazônica do Mundo, de 28 a 30 de março, a Assembleia Extraordinária da COIAB que teve como principal objetivo discutir as atuais questões de sustentabilidade financeira da entidade que é uma das maiores organizações indígenas do país. O evento reuniu 100 lideranças indígenas, representando os nove estados da Amazônia Brasileira.

De acordo com Marcos Apurinã, coordenador geral da COIAB, o momento é propício para a realização do evento, tendo em vista os acontecimentos previstos para 2012 como a RIO+20, por exemplo. “A nossa organização passa por algumas dificuldades e é importante que as lideranças possam participar dessa assembleia com suas propostas, para encontrarmos soluções para as dificuldades que enfrentamos”, disse.

Entre os assuntos em pauta na Assembleia destacou-se a reestruturação do CONDEF – Conselho Deliberativo e Fiscal da COIAB, que é a instância máxima de decisão da COIAB que hoje é presidido pelo Sr. Agnelo Xavante. Também foi discutida a atual composição da COIAB que está atuando somente com dois dos seus coordenadores.

Sustentabilidade Financeira – Segundo o coordenador geral da COIAB, o convênio com a FUNASA no atendimento à saúde indígena nas comunidades do Amazonas deixou uma sequela muito grande. “Até hoje estamos pagando por um preço que não devemos. A COIAB foi muito prejudicada. Já resolvemos as dívidas trabalhistas, porém ainda há as operacionais e as dividas fiscais. Outras organizações também foram prejudicadas pelo convênio como a UNI (Acre), CUMPIR (Rondônia), OPIMP e CIVAJA (Amazonas). A impossibilidade de receber determinados recursos tem nos atrapalhado bastante. Entretanto, as agendas continuam acontecendo e a nossa luta não para. Esse é o compromisso que assumimos”, afirmou.

Para a liderança Apurinã a sustentabilidade do movimento indígena precisa, em algum momento, vir do próprio movimento, da sua base, conforme foi colocado em junho de 2011, no Diálogo das Lideranças da Amazônia, um encontro das novas e antigas lideranças do movimento indígena amazônico, realizado pela COIAB, em parceria com a FOIRN – Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro. “Estamos com objetivos claros para esse ano. O Parlamento Indígena é uma realidade que precisamos construir. A nossa autonomia enquanto movimento deve partir dessa demanda. Unidos somos bem mais fortes”.





Discussões
  
Abrindo a Assembleia, o hino nacional em língua indígena foi encantado pela parenta Djuena Tikuna sendo feita as apresentações dos delegados. Em seguida com a fala dos componentes da Mesa de Abertura, composta por parceiros da COIAB e líderes do movimento indígena que apoiaram o evento.

Marcos Apurinã, coordenador da COAIB, destacou a importância da realização da Assembleia, afirmando que a COIAB passa por um momento, aonde é necessário uma reflexão, para saber o que pode ser melhorado para se garantir uma boa gestão, que seja capaz de sanar as dividas trabalhistas, fiscais e operacionais herdadas ao longo dos tempos.

Em seguida Clayton Javaé, coordenador secretário, destacou as parcerias da COIAB no cenário político, em embates e mobilizações políticas, nacionais e internacionais, frisando a parceria com a COICA – Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônia, organização que representas os povos indígenas nos nove países amazônicos.

Sonia Guajajara, vice-coordenadora da COIAB apresentou as dívidas da organização que hoje chega a R$ 814.865,89, bem como os resultados da Campanha Puxirum, realizada pela COIAB em 2009. Sonia pediu ajuda a todos, pois a organização tem cabeça e corpo, mas esta faltando pernas, por isso vamos nos organizar para o movimento se fortalecer em busca de nosso protagonismo. “Como fortalecer o movimento indígena se internamente estamos fragmentados. A COIAB participa das mobilizações, mas nem sempre é a protagonista. É preciso autonomia para as nossas questões”, diz.

Silvio Cavuscens, representante da SECOYA – Serviço de Cooperação com o Povo Yanomami, organização parceira do movimento indígena, destacou o papel da COIAB ao longo dos tempos, e hoje enfrenta muitas dificuldades trabalhistas, faz duas distinções da COIAB onde uma é aquela voltada as populações indígenas outra é a briga por espaços públicos em busca de poder, deixando de lado a essência que hoje temos que buscar, com isso reduz e enfraquece os meios pelo qual foi criada.

A COICA na pessoa do seu Coordenador Edwin Vasquez fez uma apresentação sobre as políticas que hoje trabalha e as muitas dificuldades que enfrentam nas questões políticas do Estado e diz que temos que dar as mãos para ajudar a COIAB e que COICA vai ajudar.

De acordo com o Francisco Pianco, assessor da presidência da FUNAI de Brasília, é muito válida a Assembleia da COIAB, sendo um desafio trazer todas as lideranças pois a logística do Amazonas é muito grande. Segundo o assessor a política indígena deve ser discutida com muita cautela e muita responsabilidade dos nossos representantes para fortalecer ainda mais os nossos movimentos dentro de cada região, consolidando ainda mais a defesa dos nossos territórios. “A politica indígena deve ser orientadas pelos povos e suas organizações, em momentos como este” lembrou.

Para Mário Nicácio Wapichana, Coodenador do CIR – Conselho Indígena de Roraima, a política indigenista deve ser uma política de Estado e não de Governo. “A Amazônia é o olho do mundo, mas temos que cuidar, vigiar e contribuir de forma direta para fortalecer. É importante definir a nossa bandeira de luta para a COIAB continuar daqui pra frente. Qual a autonomia que desejamos para a nossa organização ?”.

As discussões continuaram nos trabalhos em grupo que se propuseram a responder às seguintes questões: Como ajudar no fortalecimento econômico da COIAB, em relação as suas dificuldades? Qual a maneira das organizações de base contribuir para uma agenda mais sólida da COIAB para uma política de ação? Para o funcionamento mais eficaz, qual a forma mais adequada das instituições deliberativas da COIAB?

Convenção 169, REDD, RIO +20 e Acampamento Terra Livre 2012, também estiveram entre os assuntos  debatidos na Assembleia. 


Fonte: Ascom COIAB

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