quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Lideres Guarani Kaiowa reúnem-se com Ministro do STF e pedem solução para Terra Indígena Ñanderu Marangatu

foto: Os representantes da APIB, Rosanne Kaingang e Muro Terena, acompanharam os líderes Guarani Kaiowa Amilton Lopes e Loretito Fernandes na audiência com o ministro Cezar Peluso


No último dia 19, lideranças do Povo Indígena Guarani Kaiowá, acompanhados de representantes da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), estiveram reunidos com o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, para discutir a situação da Terra Indígena Ñanderu Marangatu, em Mato Grosso do Sul. Também esteve presente ao encontro o advogado da comunidade indígena Paulo Machado Guimarães.

Os representantes dos Guarani Kaiowa, Amilton Lopes e Loretito Fernandes entregaram ao Ministro Cezar Peluso uma carta onde denunciam a forma desumana com que têm sido obrigados a sobreviver em sua própria terra, já homologada e demarcada, onde permanecem acuados pelos funcionários dos fazendeiros locais, que têm cometidos os mais variados atos de violência contra os indígenas, principalmente mulheres e crianças. Os representantes da APIB, Rosanne Mattos e Mauro Terena, relataram ao ministro que idosas da comunidade foram estupradas e roubadas e que crianças são proibidas de freqüentar a escola. Eles também informaram que os fazendeiros, para não verem seus nomes ligados aos crimes, fazem rodízio constante de seus funcionários enviando aqueles que cometem essas atrocidades para outras regiões.

Os líderes Guarani Kaiowa pediram a Cezar Peluso que julgue, em regime de urgência, o mandado de segurança n. 25.463, do qual o Ministro é relator. A liminar foi concedida há quatro anos pelo então Ministro Nelson Jobim e suspendeu os efeitos do decreto de demarcação da terra. Durante a reunião, Cezar Peluso ouviu os indígenas e afirmou que vai dar prioridade ao julgamento da ação.

Os 930 indígenas Guarani Kaiowá que habitam a região, vivem cercados em 147 hectares de terra na aldeia Ñanderu Marangatu e desde 2005 sofrem as ameaças dos jagunços que agem a mando dos fazendeiros, instigando um verdadeiro clima de terror ao redor do acampamento. A terra dos indígenas foi demarcada e homologada em 9.317 hectares, mas o mandado de segurança que tramita no STF os impede de tomar posse, obrigando-os a viver em uma situação de miséria.

.“Estamos confinados, amontoados, sem oportunidade de plantar, caçar e pescar. Estamos privados até de pegar lenha. Somos proibidos de ir e vir de nossas próprias casas e aldeias”, afirmou o líder indígena Amilton Lopes. Sem poder trabalhar a terra, os indígenas vêem sua sobrevivência depender das cestas básicas entregues mensalmente pela Funai.

Nenhum comentário:

Postar um comentário