O presidente da Funai permaneceu na aldeia até que as negociações avançassem
Lideranças indígenas Guarani da aldeia de Estiva, próximo ao município de Viamão, no Rio Grande do Sul, detiveram por algums horas, na noite de ontem, o presidente da Funai, Márcio Augusto Freitas de Meira e sua equipe. A ação, totalmente pacífica, fez parte de um ato de protesto contra o descaso do governo brasileiro e a demora na demarcação de terras na região.
No início da madrugada, o presidente e os funcionários da Funai foram liberados para seguir viagem. Meira assumiu o compromisso de garantir total empenho do órgão inidgenista na agilização do processo de demarcação e também assegurou a construção de casas para comunidade.
Leia abaixo a carta do Povo Guarani explicandoa situação:
CARTA ABERTA À NAÇÃO BRASILEIRA
Nós, Lideranças Indígenas Guarani, reunidos na Aldeia Estiva, Município de Viamão, RS vimos por este ATO manifestar o nosso repúdio, indignação e inconformismo com o descaso do Estado Brasileiro para com os nossos Povos.
Habitamos este país desde os primórdios, e estamos presentes nos estados do RS, SC, PR, SP, RJ, ES, MG e MS, onde a absoluta ausência de políticas públicas tem sido a tônica dos governos que se sucedem.
A falta de respeito é notória, levando o Povo Guarani a uma situação de absoluta miséria, vivendo em acampamentos e ignorados pelo Estado Brasileiro, que permite situações como a do MS, onde há mais de trinta anos os governos estaduais se colocam contrários às demarcações de nossas terras.
É inadmissível que este país, que em poucos anos será a quinta potência mundial, trate seus povos nativos com tamanho descaso e abandono.
Somente no litoral sul e sudeste do Brasil são centenas de famílias sem terras demarcadas, sem teto para viver e sem a mínima assistência do estado.
Nossas crianças passam fome, e não têm perspectivas de futuro; nossas comunidades estão na mais plena invisibilidade, sem perspectivas de acesso ao mercado de trabalho e sem as mínimas condições de alcançar uma condição de vida minimamente digna.
Temos direito a uma política justa de demarcação de terras, habitação, saúde diferenciada, agricultura familiar, educação e todos os direitos conferidos pelo estado a todos os brasileiros.
Somos nós, Povos Indígenas, os mais brasileiros dos brasileiros, e reivindicamos assim todos os direitos conferidos aos que habitam este país.
Este não é um ato de violência. É um ato de repúdio com o qual pretendemos dar visibilidade à gravíssima condição social que vivemos no Brasil.
QUEREMOS JÁ A DEMARCAÇÃO DE TERRAS E TODOS OS DEMAIS DIREITOS QUE NOS CONFERE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
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