Uma delegação de 80 lideranças indígenas da Região Sul ocupou, no início desta manhã, o Ministério da Saúde. Eles protestam contra o estado de caos na Saúde Indígena, que está sob a responsabilidade da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI). Mais de dois terços do orçamento da secretaria foi gasto com a contratação de pessoal, enquanto nas aldeias de todo país aumentam exponencialmente os caso de morte por falta de atendimento adequado ou até mesmo transporte até os centros médicos. As crianças e idosos estão entre as principais vítimas. Há falta de medicamentos e infraestrutura .
Depois das inúmeras tentativas de diálogo com o o governo não avançarem rumo a uma solução imediata, as lideranças que integram a Articulação dos Povos indígenas da Região Sul (ARPINSUL) decidiram ocupar o Ministério até que sejam ouvidos pelas autoridades.
Eles divulgaram um documento onde denunciam a situação crítica enfrentada nas aldeias e suas principais demandas:
DOCUMENTO
DE DENÚNCIAS DE CACIQUES E LIDERANÇAS INDÍGENAS DOS POVOS DA REGIÃO SUL DO
BRASIL
Nós caciques e
lideranças juntamente com os anciões dos territórios indígenas da região sul viemosem
a público denunciar o abandono da saúde indígena por parte do governo Federal e
o caos que tem ocorrido nos último anos e, principalmente, no período de
transição FUNASA-SESAI e LULA-DILMA.
A política de
desenvolvimento adotado pelo governo atual, não tem respeitado os direitos fundamentais
do povos indígenas, (Art: 231 e 232 da constituição federal de 1988 e da
Convenção 169 da OIT), em todos os setores, e, em especial, no que tange a saúde indígena.
Vivemos sérias dificuldades em todas as instâncias da saúde.
Sendo assim, hoje
necessitamos urgente de :
· - Convênios com restaurantes para alimentação de
pacientes em transito;
· -Aquisição de Leite em pó e leites
especiais;
· -Passagens para transporte de pacientes;
· -Alojamentos para pacientes em trânsitos
para referência e contra referência;
· -Convênios com farmácias para aquisição de medicamentos
fora da lista básica;
· -Contrato para exames e consultas
especializadas (média e alta complexidade);
· -Aquisição e manutenção de material e
equipamentos médicos de enfermagem e odontológico;
· -Aquisição de Ortese, próteses dentaria e
cadeiras de rodas, óculos entre outros;
-Convênios com funerárias;
-Convênios com
Empresas para a manutenção e tratamentos
de aguas;
· -Convênio com Empresas de caminhões pipa para
fornecimentos de agua quando houver necessidade;
· -Contrato de motoristas indígenas para
transporte de pacientes fora da hora de atendimento das EMSI e para o deslocamento
dos profissionais;
· -Convênios com oficinas mecânicas para o conserto e
manutenção de carros (sucateados);
· -Recursos para pedágios, pneus e
combustível;
· -Aquisição Imediata de novos veículos;
· -Alugueis para sede própria das SESAI, (polos
base fora das aldeias);
· -Regularização da documentação dos
veículos da SESAI;
· -Construção reforma e ampliação das
unidades de saúde;
· -Melhoria Salarial dos profissionais de
Saúde pelo risco de perder aqueles que ainda atuam junto aos povos indígenas;
Não
queremos, ainda, distinção entre Terras demarcadas e em processo de demarcação, pois
estamos vivendo em ESTADO DE CALAMIDADE PÚBLICA.
Aproveitando o ensejo, queremos que sejam cumpridas as
deliberações do seminário de saúde indígena promovido pela SESAI em julho de
2011, na cidade de Florianópolis SC, que deliberou a instituição de um grupo de
trabalho para a criação de um DSEI por estado, sendo um no RS, um em SC, um no PR e um para
SP e RJ
Diante
do exposto, nós caciques e lideranças da região sul do Brasil solicitamos ao
Ministro da Saúde, o Sr. Alexandre Padilha a imediata solução dos problemas
citados no presente documento, já que a SESAI até o presente momento não cumpriu
com as promessas e acordos com os povos indígenas.Hoje, 29 de maio de 2012 não
tem nenhum tipo de convênio para a Região sul - SE MORRER UM INDIO HOJE NÃO
SE TEM CONVENIO COM FUNERÁRIA! O assunto já foi discutido com todas as esferas locais, chefe
do escritório local, Chefe de Dsei e com o Secretário Especial Antonio Alves e nada
foi resolvido.
Pedimos ao Ministro para que o mesmo interceda na gestão destas instâncias para
que possamos melhorar o atendimento da saúde indígena do nosso País.
Nós
Caciques, Lideranças e Conselheiros reivindicamos a sua compreensão e agilidade
neste processo.
Gratos
pela atenção.
Brasília,
29 de Maio de 2012
Mais informações:
Gustavo Macedo (APIB) - 61-81612500
Lucas Cabana (ARPINSUL) - 41-88740123